sexta-feira, agosto 27, 2010

Sem estádio?

Nas discussões sobre o futuro do estádio gremista, um dos argumentos que pesou contra a ideia de se reformar o Olímpico foi a incerteza sobre o local onde o Grêmio mandaria seus jogos durante as obras.

Recordei desse assunto ao ler duas notícias divulgadas no corrente mês.

A primeira é uma reportagem da Folha de São Paulo (17/08/2010) sobre os prejuízos que Atlético e Cruzeiro estão tendo por ficarem privados de jogar em Belo Horizonte:

"Apelando a modestas arenas em Sete Lagoas e Ipatinga, o Atlético-MG tem uma média de só 6.500 pagantes nos jogos pós-fechamento do Mineirão, ou quase um quarto da sua média geral nos pontos corridos, marca que, isolada, seria a terceira pior da edição 2010 do Nacional.
O Cruzeiro, nos mesmos estádios, registra média de 7.800 pagantes, ou menos da metade da sua marca geral desde 2004. A diretoria do clube tem até uma estimativa do dinheiro que vai deixar de ganhar até o final deste ano com o Mineirão fechado -de hoje até dezembro, serão pelo menos R$ 6 milhões. Os arquirrivais concordam que a situação é difícil. "Todo mundo sabia que não teríamos o Mineirão por muito tempo. Mas nós, do Atlético, fomos incompetentes. Não nos preparamos para a situação", declarou Alexandre Kalil, o presidente do clube"

A segunda foi essa matéria do Globo Esporte, sobre a postura de torcedores do Panionios, que vandalizaram a sua cancha para impedir que ele fosse cedido ao rival AEK:



"Grécia: torcedores depredam próprio estádio para evitar que rival use local.
Fãs do Panionios se irritam com partida do AEK marcada para o Nea Smyrni e esburacam o gramado. Instalações também são destruídas" (GloboEsporte - 25/08/2010)

Isso tudo me faz lembrar de uma interessante passagem na história do Grêmio, que foi a participação da dupla Grenal no Robertão de 1967 e 1968, quando os dois times mandaram seus jogos no Estádio Olímpico.

Em 2007 o Rodrigo Cardia fez um excelente post sobre o este episódio, que acabou sendo esmiuçado em um capítulo de uma valiosa monografia.

Recomendo a leitura integral de ambos. Abaixo segue um pequeno trecho do material por ele produzido:

"Em 1967, pela primeira vez a dupla Gre-Nal participava do Torneio Roberto Gomes Pedrosa, que reunia os maiores clubes cariocas e paulistas desde 1950, e que em 1967 foi estendido a Minas Gerais, Rio Grande do Sul e Paraná. O torneio, disputado até 1970, foi o “embrião” do Campeonato Brasileiro, que foi realizado pela primeira vez em 1971.

Como o critério para a participação no “Robertão” para os clubes de fora do eixo Rio-São Paulo era o convite – a princípio seriam convidados apenas os clubes mineiros, visto que as viagens a Belo Horizonte não eram dispendiosas para cariocas e paulistas – era preciso que as partidas em Porto Alegre fossem rentáveis, para que a dupla Gre-Nal continuasse a ser convidada para o “Robertão”. Os dois clubes jogavam no Olímpico, visto que o Inter ainda não tinha um estádio em condições de sediar jogos importantes – o Beira-Rio seria inaugurado somente em 1969.

Para obterem boas rendas, os clubes decidiram adotar o sistema de caixa único, e foi também conclamada uma união entre as duas torcidas para o “Robertão”, pela “afirmação do futebol gaúcho”. Surgia assim a “Torcida Gre-Nal”.

Parecia maluquice, mas a idéia vingou! Gremistas iam aos jogos do Inter e apoiavam o time vermelho, e colorados iam às partidas do Grêmio e apoiavam o Tricolor. E a união deu certo: os dois clubes se classificaram para o quadrangular final, junto com Corinthians e Palmeiras (que foi o campeão). O Inter foi vice-campeão, e o Grêmio acabou em quarto lugar."

5 de março de 1967: primeira rodada do “Robertão”.
Clássico Gre-Nal nº181: os dois times juntos na foto


5 comentários:

  1. Muito bom, já estou lendo a referida monografia, haha. Essa coisa da 'torcida grenal' é difícil de compreender nos dias de hoje, engraçado.

    Inclusive, viu que a reforma do Palestra Itália está parada por problemas em um relatório de impacto? http://tinyurl.com/2uf45yd

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  2. Sancho9:56 AM

    Eu já fui no Beira-RIo assistir um Grêmio-São Paulo (década de 90), mesmo com secadores nas perpétuas, foi absolutamente tranqüilo.

    Essa dos gregos é de f*der. Vândalos inconseqüentes. Só porque o dinheiro não é deles. Barbaridade. Não é à toa que a Grécia está na situação que está...

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  3. Anônimo1:24 AM

    André, parabéns pela participação na chapa RENOVA TRICOLOR!

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  4. Obrigado anônimo.

    Eu "explicarei" minha participaçao num post futuro.

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  5. Cruzeiro e Atlético estão nômades. É nisso que dá não ter estádio.

    Não sei o que me deixa mais perplexo: o vandalismo dos gregos ou a torcida Grenal de 67.

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