A semana passada foi bastante corrida para mim. Até por isso tentei não embarcar na ansiedade do aguardo da inauguração da Arena. Mas não tem muito jeito, no sábado esse era o único assunto no estado.
Eu estive algumas vezes na obra e já tinha ficado impressionado, mas nada se compara ao ver a Arena recebendo um público de jogo. Por sorte o público se distribui e a chegada no Humaitá não foi tão caótica quanto se imaginava, muito embora boa parte do povo tenha se aglomerado em uma das rampas de acesso. Mas na esplanada o clima era bem agradável, e grande quantidade de portões facilitava tudo. Quando vi o gramado e as arquibancadas cheias tive, por breves segundos, aquela sensação de uma
criança que vai ao estádio pela primeira vez.
Achei muito legal que, assim que entrei no meu setor, um funcionário do estádio me perguntou/orientou sobre a localização do meu ingresso. Acho que isso ajuda muito na organização. É óbvio que ainda faltam alguns detalhes, algumas finalizações (as mais sentidas no sábado foram os bares e banheiros), mas a experiência de ir em um jogo na Arena é completamente diferente de qualquer outro estádio em Porto Alegre.
Eu achei a cerimônia de inauguração muito bonita. O anunciado show do Blue Man Group talvez tenha sido a parte menos empolgante de toda a festa. Os fogos, as coreografias, os jogos de luzes foram bem impressionantes. Não tinha visto nada parecido em matéria de inauguração de estádio. Gostei da temática gaúcha das apresentações, só que aí foi pouco coerente colocar o Ivan Lins para cantar o hino.
O jogo em si foi tão emocionante como uma partida festiva pode ser. O Grêmio pareceu um pouco mais animado e tomou a iniciativa. Conseguia atacar bem pelo lado direito, foi dali que Leandro carimbou o travessão e foi dali que foi cobrado o escanteio que resultou no gol de André Lima, inaugurando o placar da Arena. O tricolor teve algumas chances para ampliar mas aos poucos o cansaço de final de temporada foi aparecendo. Zé Roberto era, como de costume, o destaque ao esbanjar técnica.
No segundo tempo as mudanças não fizeram muito bem ao Grêmio, que passou
a ter alguma dificuldade para tramar jogadas. O Hamburgo podia não ter
uma atuação das mais interessadas, mas era um time extremamente
disciplinado (colocava 11 jogadores na área nos escanteios) e chegou ao
empate numa jogada ensaiada concluída por Westermann. O Grêmio seguiu
meio perdido, até que Saimon arrancou, acionando Marquinhos, que por sua
vez cruzou para Marcelo Moreno marcar o 2x1 final.
É triste, mas muito triste,
que tenha acontecido aquela briga na Geral no jogo de inaguração. Justamente no momento que se discute essa transição e possibilidade de manter uma torcida pulsante num estádio moderno.
Mas não podemos superdimensionar o fato. Quantas pessoas se envolveram
na briga? 50? 500? O que isso representa num universo de mais de 50.000
espectadores? Ficou claro que o silêncio no campo no segundo tempo é um
bom indicativo de que a festa da torcida é muito importante.
Eu não gostei da camisa que o Grêmio usou na partida. Parece ser uma alternativa inferior ao modelo usado em todo 2012. Não me agrada os punhos e parte da gola em azul. Os patrocínios em dourado são um expediente já ultrapassado de tentar colocar um tom de ocasião especial no uniforme, e ainda por cima prejudicam a visualização. O uniforme não remete ao usado na inaguração do Olímpico em 1954 e muito menos lembra o usado contra o Hamburgo no mundial de 1983.
É certo que o estádio não estava lotado. Tá certo que muita gente deixou o estádio antes do apito final, mas já no intervalo se viam
diversas fileiras de cadeiras vazias. O que é estranho, porque teve muito sócio tentando comprar ingresso nos últimos dias.
Outra questão que me pareceu estranha. Só tinha bebida alcoólica nos camarotes e nas cadeiras gold. Não posso concordar com isso. As permissões/proibições devem valer para todo o estádio.
No mais faltam pequenos ajustes e ainda vai precisar de algum tempo para que o torcedor gremista sinta-se em casa na Arena.
Fotos: Jefferson Bernardes (Lance) e Lucas Uebel (Grêmio.net)
Grêmio 2x1 HSV
GRÊMIO: Marcelo Grohe, Pará, Werley (Saimon, 18'/2ºT), Naldo e Anderson Pico (Tony, Intervalo); Fernando (Marco Antonio, Intervalo), Souza, Elano (Marquinhos, Intervalo) e Zé Roberto (Léo Gago, Intervalo); Leandro (Rondinelly, 18'/2ºT) e André Lima (Marcelo Moreno, Intervalo)
Técnico: Vanderlei Luxemburgo.
HAMBURGO: Drobny, Bruma, Paul Scharner, Rajkovic (Diekmeier, 19'/2ºT), Aogo (Westermann, Intervalo), Sala, Rincon, Tesche (Arslan, 19'/2ºT) Ilicevic (Skjelbred, 36'/2ºT), Marcus Berg, Rudnevs (Son, Intervalo)
Técnico: Thorsten Fink.
Data: 08/12/2012, sábado, 22h15min
Local: Arena do Grêmio, Porto Alegre (RS)
Público: 51.901 (46.969 pagantes)
Renda: R$ 8.599.614,00
Árbitro: Carlos Amarilla (Fifa-PAR)
Auxiliares: Milcíades Saldivar/PAR e Cesar Franco/PAR.
Cartões amarelos: Leandro e Saimon (GRE); Tesche (HAM)
Gols: André Lima, 9'/1ºT, Westermann, 25'/2ºT e Marcelo Moreno, 42'/2ºT