terça-feira, abril 14, 2009

Simon processa Peninha


Era um fato conhecido por quem acompanha futebol no RS, mas ignorado pela mídia. Para delírio de muitos colorados. Carlos Simon processou Eduardo "Peninha" Bueno (e a editora Ediouro) pelo o que este escreveu no livro "Gremio - Nada pode ser maior". O árbitro/jornalista/presidente de sindicato ficou incomodado com um parágrafo entre as 272 páginas do livro. Mais precisamente o quarto parágrafo da página 49 (imagem abaixo).


Na quinta-feira, dia 9 de abril, a notícia sobre a sentença foi publicada no site Espaço Vital:
"Ontem (08) foi publicada a sentença que beneficia o apitador por causa de algumas expressões usadas no livro "Grêmio: Nada Pode Ser Maior", escrito pelo jornalista gaúcho Eduardo Rômulo Bueno (o Peninha) e publicado pela editora carioca Ediouro Publicações Ltda.

A indenização nominal será no valor de R$ 11.625,00 correspondente a 25 salários mínimos. Com o implemento de juros legais, a contar da citação, a cifra chega a R$ 14.880,00. A honorária será de 20%.
Na petição inicial, Simon refere que, além de sua formação profissional de jornalista, exerce a profissão de árbitro de futebol há 25 anos, com atuação nacional, em todos os continentes. Nos últimos tempos - relata o apitador - começou a receber dezenas de mensagens e cartas lhe reportando que, no livro referido, estava sendo acusado de "ser um dos que roubou o Grêmio ao longo dos últimos cem anos."


O processo é interessante. O mesmo espaço vital publicou trechos do processo:
"Ontem (08) foi publicada a sentença que beneficia o apitador por causa de algumas expressões usadas no livro "Grêmio: Nada Pode Ser Maior", escrito pelo jornalista gaúcho Eduardo Rômulo Bueno (o Peninha) e publicado pela editora carioca Ediouro Publicações Ltda.

A indenização nominal será no valor de R$ 11.625,00 correspondente a 25 salários mínimos. Com o implemento de juros legais, a contar da citação, a cifra chega a R$ 14.880,00. A honorária será de 20%.
Na petição inicial, Simon refere que, além de sua formação profissional de jornalista, exerce a profissão de árbitro de futebol há 25 anos, com atuação nacional, em todos os continentes. Nos últimos tempos - relata o apitador - começou a receber dezenas de mensagens e cartas lhe reportando que, no livro referido, estava sendo acusado de "ser um dos que roubou o Grêmio ao longo dos últimos cem anos".

"Versão da Ediouro
"O alegado dano moral não existiu. Nos jogos de futebol toda a torcida chama o juiz de ladrão em penalidades contra seu times, sem que tal fato seja considerado ofensivo à honra do árbitro. Para que ocorra ofensa à honra de um árbitro de futebol deve haver intenção nesse sentido, com a indicação de fato concreto de que tenha sido ele comprado com dinheiro para prejudicar determinado time.

E tanto não houve dano à imagem do demandante que ele próprio noticia ter atuado como árbitro na última Copa do Mundo, em 2006, quando o livro foi publicado originalmente em 02 de abril de 2005".

Versão de Eduardo Rômulo Bueno, escritor
"Além da paixão futebolística envolvida, que permite visões distorcidamente parciais, típicas das paixões, o livro é escrito em tom de deboche para atazanar os adversários, outros times, que praticariam o ´futebol arte´. O livro é redigido explicitamente de modo descompromissado em relação à realidade dos fatos e críticas focadas na realidade. O propósito da obra foi tratar da história do futebol de forma graciosamente facciosa, sempre exaltando o Grêmio em ritmo de “flauta” do torcedor.

Efetivamente ´surrupiar´ tem como sinônimos ´furtar´ e ´roubar´. E nesse último sentido, com certeza, foi utilizado o termo.

Simon, como árbitro de futebol há mais de 20 anos é profundo conhecedor da realidade esportiva, sabe da linguagem futebolística peculiar e que aí atribuir ao árbitro a pecha de ´ladrão´ é atitude corriqueira".

O entendimento da juiza Nara Elena Batista
"Não tenho dúvida de que usar o termo ´roubar´ em comentários que se seguem a jogos de futebol no Brasil, no atinente à arbitragem, assim como chamar o juiz de ´ladrão´ durante as partidas, não tem a conotação que lhe dá o nosso Código Penal.

Não está sendo dito nessas ocasiões que o árbitro cometeu o delito do art. 157 do Código Penal, nem os torcedores e comentaristas estão cometendo os delitos previstos nos arts. 138 a 140 do CP, pois nessas ocasiões em linguagem futebolística os referidos termos não tem tal alcance.

E da mesma forma no livro em questão a palavra ´surrupiar´, como sinônimo de ´roubar´, não está significando que o ora demandante e os demais árbitros ali citados tenham subtraído alguma coisa móvel do Grêmio Foot-Ball Porto Alegrense, mas sim que ´apitaram´ mal determinadas partidas, assim tirando a vitória do time.

Ocorre que isso dizer, utilizando palavra que é sinônimo de ´roubar, no curso de um jogo ou em comentários que a ele se seguem, é diferente de lançá-lo em livro.´ Nessa última circunstância não há justificativa para que o termo seja utilizado, ao invés da imputação (se for o caso), de que a partida foi mal ´apitada´.

Admite-se que no ´calor da batalha´ o ataque verbal ao árbitro exceda, pois resultado da mesma emoção que faz exceder a torcida, tornando inimigos até mesmo parentes e vizinhos que se dão bem. E que em poucos dias novamente estarão bem, esquecidos todos do que foi dito, inclusive o próprio árbitro.

Isso entretanto não ocorre com o que ficar lançado em livro, que sobrevive a todos. A imputação feita ao árbitro, ainda que não tenha sido intencional, retrata imprudência e negligência na forma como exterioriza um sentimento, paixão futebolística, que não tem justificativa".

Tentando olhar friamente, é uma boa discussão sobre os limites da liberdade de expressão. Não concordo muito com essa conclusão de que chamar de ladrão no calor do momento pode; em livro não.

Mas este post não se dedica a esta discussão. Isto era apenas uma longa introdução.

No sábado, dia 11 de abril, Wianey Carlet escreveu um coluna confusa na Zero Hora, ora elogiando, ora chamando Peninha de irresponsável. (Justo Wianey, que deu aula de responsabilidade no episódio da prisão de "integrantes" da geral.

Obviamente que o Peninha não gostou, e ainda no sábado escreveu uma resposta ao colunista. Wianey ainda não publicou-a no jornal. Tampouco no seu blog, onde não tem limitação de espaço. Apenas David Coimbra deu algum espaço em seu blog, e não no jornal (no qual ele é o editor de esportes).

Enfim, eis a resposta:

Meu caro Wianey:

É ainda sob forte impacto emocional e talvez até “distorcido pela paixão” que passo a responder tua comovedora coluna de sábado último, na qual me fizeste elogios tão generosos quanto desproporcionais, e que me levaram às lágrimas pois evocaste os belos momentos que compartilhamos em exíguos quartos de hotel de todo esse planeta-bola – atrás da qual tanto corremos. Mas, mesmo sob forte emoção, não posso deixar de fazer pequenas ressalvas ao que escreveste. Vamos a elas:

1) Não chamei Carlos Simon de “ladrão”. Escrevi, isso sim, que ele fazia parte da “infame extirpe dos juizes que surrupiaram o Grêmio” (Ih será que não podia repetir isso? Bom, foi só a título de exemplo). De qualquer sorte, independentemente da decisão da juíza, posso assegurar que essa é a opinião de 99,9% da torcida do Grêmio e que processo algum irá modificá-la. Pode abrir votação,

2) Não disse que “a paixão envolvida permite visões distorcidamente parciais”. Foram meus advogados que disseram. Os mesmos que solicitaram que eu não me manifestasse sobre o caso até seu desfecho. Tomada a decisão da juíza, embora ainda caiba recurso, julgo ter chegado a hora de falar e o faço através da tua coluna,

3) Não sou em quem terei que “desembolsar quase 15 mil”. Tal quantia será dividida entre mim e a Ediouro, que publicou a obra. A um pedido meu, creio que a editora arcaria sozinha com esse elevadíssimo custo. Mas não pretende fazê-lo. Faço questão de “desembolsar” o dinheiro já que, para mim, o próprio título de tua coluna, “Condenação”, soa quase como “Condecoração”, pois considero um galhardão, um prêmio, um presente ser processado por alguém da estatura de Carlos Simon.

Por vários motivos:

1) Porque tenho a esperança de que o referido profissional use o dinheiro para fazer cursinhos de atualização em arbitragem, de forma que passe a errar menos, em especial contra o Grêmio,

2) Porque me inspirou para escrever o livro “Os erros de Carlos Simon”, que será lançado em breve com a disposição altruísta de que a rememoração do extenso rol de suas falhas o leve aprimorar-se em sua profissão,

3) Porque descobri que Ricardo Teixeira e a Comissão de Arbitragem da CBF– que eu desconhecia serem letrados – leram meu livro Grêmio: Nada pode ser maior. Como costumo tratar bem meus leitores, vou enviar-lhes um exemplar da nova obra . Enviarei um também para a Confederação de Futebol de Gana,

4) Porque o caso me inspirou a criar um site, errosdesimon.com. aberto à atualizações do público em geral, já que o livro não conseguirá acompanhar a rapidez com que o panorama se modifica,

5) Porque vou reescrever o livro Grêmio: Nada pode ser maior, extraindo a frase capada pela justiça e, no lugar dela, acrescentar um apêndice com todos os erros do supracitado árbitro contra o Grêmio – sempre na tentativa de que ele se aprimore. O livro já vendeu 23 mil exemplares, mas sei que a torcida do Grêmio comprará muito mais da nova edição,

6) Porque disposto a ajudá-lo a se aprimorar também na profissão de jornalista – que diz exercer, embora eu nunca tenha lido nem mesmo a frase “Ivo viu a uva” escrita por ele -, venho lançar de público, através de tua prestigiosa coluna, um desafio: ele escreve um livro e eu apito um Grenal e veremos quem erra menos. (Desde criança, meu sonho sempre foi apitar um Grenal...). Se o desafio for considerado despropositado, sugiro então um debate público sobre o tema: “O que leva uma criança a decidir ser juiz de futebol?”

7) Por fim, porque tal processo com certeza unirá nossas trajetórias profissionais por um bom tempo e haverá de servir de estímulo para que nos aprimorarmos no exercício de nossas atividades – levando mais longe o nome do Rio Grande. E, se, por ventura, as obras que pretendo escrever sobre o referido árbitro – sempre, repito, no intuito de aprimorá-lo no exercício de sua dura faina – vierem, por algum motivo, a ser censuradas, os processos daí decorrentes certamente irão deflagrar estimulante debate sobre os limites da liberdade de expressão. Tenho certeza de que tu, caro Wianey, e a prestigiosa Zero Hora, na qual tanto labutei, não vão querer ficar fora dessa.

Atenciosamente,

EDUARDO BUENO




Uma curiosidade é que o livro foi escrito em 2005, portanto antes do fatídico ano de 2006, no qual simon apitou o primeiro jogo da final do gauchão, River x Libertad pela Libertadores e Itália x Gana na copa do mundo.

6 comentários:

Vicente Fonseca disse...

Porque tenho a esperança de que o referido profissional use o dinheiro para fazer cursinhos de atualização em arbitragem, de forma que passe a errar menos, em especial contra o GrêmioHahahaha.

Grande Peninha!

LEONARDO FONTOURA GUEDES disse...

WIANEi E DAVi COIMBRA AMARGOS !!!!
TUDO AMARGOS !!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!
FORÇA PENINHA !!!!

Anônimo disse...

Cara, não sei se não seria o caso de o GRÊMIO postular daqui pra frente a suspeição/impedimento desse árbitro em TODOS OS JOGOS.

Lourenço disse...

Pode até postular, mas não deveria levar. Peninha não fala pelo Grêmio enquanto clube. Se não, fica fácil vetar árbitro.

André Kruse disse...

Realmente não dá pra confundir as coisas.

Mas o Grêmio já poderia ter feito isto quando do episódio do Simon perguntando pro Danrlei sobre o Palhinha.
http://www.diariopopular.com.br/24_04_01/au230404.html

Anônimo disse...

Peninha é um GÊNIO. Não é à toa que é gremista.
Kenny Braga é folclórico, daí ser colorado.
Cada "macaco" no seu galho...