O Grêmio tinha desfalques. O grupo está com a cabeça na Libertadores. O São Luiz era franco atirador e se postou todo atrás, sem nenhum pretensão ofensiva. Todos estes elementos são verdadeiros e devem ser levados em conta ao analisar o desempenho do tricolor ontem, mas ainda assim não há como fugir da conclusão que o Grêmio jogou pouco. Muito pouco.
Se o baixo rendimento visto em campo contra o São Luiz fosse uma exceção no contexto das últimas atuações a situação não seria tão preocupante. O problema é que isso tem sido uma constante. O Grêmio não só se mostra pouco inspirado como também pouco organizado. O time não tem um padrão, uma mecânica de jogo clara, tampouco alternativas para mudar uma partida. O time confia excessivamente na técnica do Zé Roberto. Espera sempre que Barcos venha buscar o jogo. Torce para que Kléber dê seguimento nos seus embates contra os defensores adversários. Em suma, depende demasiadamente das individualidades.
Ontem o Grêmio foi, mais uma vez, burocrático. Não aumentou o ritmo. Não colocou velocidade nas jogadas. Não forçou a bola aérea. Não fez jogadas de linha de fundo. Não tentou inverter um meia com um volante. Não teve ultrapassagem. Não usou o seu centroavante como pivô. Apenas tocou a bola, esperando por um erro do adversário, que só foi acontecer nas cobranças de pênaltis, quando Danilo Baía mandou a bola por cima do travessão.
Pelo que apresentou contra o São Luiz, o Grêmio talvez devesse ter sido eliminado do turno no Gauchão. Poderia inclusive ter ficado de fora mesmo, caso fosse marcado um pênalti em um lance que Juba arrancou em posição duvidosa e foi derrubado por Bressan. Mas Anderson Daronco segue mais preocupado em fazer cara de mau do que apitar corretamente as regras do jogo.
Todo mundo sabe que o Gauchão não é a prioridade. Não é meta do Grêmio para 2013. Mas ainda assim é um tanto assustador notar como o clube enfrenta mal a fórmula da competição (que é muito ruim, diga-se de passagem). Pode até ser algo que no resultado final não faça diferença, mas, a priori, perder a vantagem de jogar a semifinal em casa é um prejuízo considerável.
A Libertadores é outra história. O foco é outro, a motivação é outra. Mas fica a dúvida. O time vai começar a render da noite pro dia? Vai conseguir repetir desempenho semelhante ao mostrado contra Fluminese no Rio e Caracas em casa?
O mesmo questionamento vale para a torcida. Uma eventual liberação do setor da geral irá por si só melhorar o clima no estádio? A torcida irá pegar junto com o time? A simbiose entra gramado e arquibancada pode crescer rapidamente?
Fábio Aurélio não acrescentou muito jogando como meia. Parece não ter encontrado o posicionamento ideal, por vezes se perdendo na movimentação. Mas é um jogador de grande experiência. Tem amplas condições de fazer a diferença.
Mas a noite não foi só de notícias ruims. Bressan e Alex Telles mais uma vez se portaram bem em campo. E Guilherme Biteco foi a figurada mais iluminada do time do Grêmio. Não consigo ver ele fora da lista dos inscritos para próxima fase.
E um momento notável da partida aconteceu quando a torcida do Grêmio aplaudiu ironicamente o goleiro Oliveira na execução de um tiro de meta, depois de tantas cobranças tortas efetuadas pelo arqueiro adversário.
Grêmio 0x0 São Luiz (Grêmio 5x3 nos pênaltis)
GRÊMIO:
Dida; Pará (Tony – 27'/2ºT), Cris, Bressan e Alex Telles; Matheus
Biteco (Guilherme Biteco – 19'/2ºT), Souza, Zé Roberto e Fábio Aurélio
(Yuri Mamute – intervalo); Kleber e Barcos
Técnico: Vanderlei Luxemburgo.
SÃO LUIZ:
Oliveira; Júnior Barbosa, Thiago Costa, Marcel e Adão; Chicão, Baiano,
Washington e Marcos Paraná (Danilo Baía – 35'/1ºT); Eraldo (Ícaro –
24'/2ºT) e Juba
Técnico: Leandro Machado.
Local: Arena do Grêmio, em Porto Alegre -RS
Público: 16.164 (14.080 pagantes)
Renda: R$ 506.356,00
Árbitro: Anderson Daronco
Auxiliares: José Javel Silveira e Alexandre Kleiniche
Cartões amarelos: Thiago Costa, Marcos Paraná, Oliveira e Júnior Barbosa (SLZ) Souza (GRE)
Cartão vermelho: Thiago Costa
"PENALIDADES: O Tricolor conseguiu 100% de aproveitamento nas cobranças e garantiu a
classificação. Zé Roberto, Kleber, Barcos, Alex Telles e Guilherme
Biteco marcaram os gols gremistas. No São Luiz, Danilo Baia chutou por sobre o travessão desperdiçando o
único pênalti dos visitantes. Washington, Marcel e Juba fizeram suas
cobranças. Chicão, que era o último da lista, nem precisou cobrar."(Grêmio.net)
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