Como se avizinha mais um jogo de Grêmio e São Paulo no Brasileirão, acho válido lembrar mais um episódio da história desse confronto. Em 1990, vinte times disputaram o Campeonato Brasileiro. A fórmula da competição, conforme o Bola na Área, era a seguinte: "A fase de classificação é dividida em dois turnos. No primeiro, o Grupo A
enfrenta o B. No segundo os jogos são dentro dos próprios grupos. O vencedor de turno em cada grupo e os outros quatro clubes de melhor campanha no geral, seguem para as quartas-de-final."
Pois na primeira fase, o Grêmio não só foi o vencedor do Grupo B no 1º turno como também teve a melhor campanha no geral. Nas quartas de final o time comandado por Evaristo de Macedo passou pelo Palmeiras, em dois jogos bastante tensos, com direito a uma dantesca cena de um Frei tentando conter a briga entre a Brigada Militar e a torcida Palmeirense na partida de volta no Olímpico.
Todo esse furdunço visto nas partidas contra o Palmeiras serviu como estopim para um guerra de declarações e bastidores para a semifinal entre Grêmio e São Paulo. O encontro de ida, no Morumbi, de fato foi quente, com o São Paulo fazendo 2x0 num jogo em que aconteceu uma batalha campal e com Márcio Rezende de Freitas deixando de dar um pênalti claro para o Grêmio.
Eduardo Farah, presidente da Federação Paulista, disse que a partida de volta era de "alto risco" e pediu para que a CBF enviasse observadores para Porto Alegre. Evaristo se indignou com uma fala parecida de Telê sobre o tema. Enquanto isso, Rubens Hoffmeister, ignorava tudo o que acontecia, uma vez que estava com relações rompidas com o Grêmio. Pressionada, a CBF tomou a polêmica medida de escalar o juiz Carlos Wilson dos Santos, um carioca filiado à Federação Paulista, para o jogo no Olímpico. O Grêmio se revoltou, não só pela escolha, como também pelo fato de ter sido informado depois do São Paulo sobre o que fora decidido.
Pelos relatos, o jogo não foi tão violento como se previa. O Grêmio conseguiu abrir o marcador aos três minutos do segundo tempo, com Maurício aproveitando bom passe de Darci para driblar Zetti e tocar pro fundo das redes. Contudo o segundo gol, que traria a classificação, não aconteceu. Os jogadores gremistas reclamaram muito de dois pênaltis não marcados, um em Alfinete e outro Maurício (O segundo me pareceu claro). Assim o São Paulo avançou para a final, onde faria um confronto paulista com o Corinthians (para delírio da TV Bandeirantes, que havia comprado os direitos de transmissão daquele torneio com exclusividade)
"O Grêmio enfrentou dois adversários na vitória de 1 a 0 sobre o São Paulo, sábado à tarde, no Olímpico: Seu escasso futebol e a CBF, que indicou o árbitro Wilson Carlos dos Santos, um carioca que trabalha na Federação Paulista de Futebol. Ele deixou de marcar dois pênaltis a favor da equipe gaúcha, sobre Alfinete e Maurício." (Correio do Povo - 10 de dezembro de 1990)
"O jogo foi tranquilo, sem lances de violência, e os poucos cartões amarelos utilizados pelo juiz Wilson Carlos Santos foram em razão de reclamações e atitudes antidesportivas, negando totalmente as declarações dos paulista, que anteviam muitos problemas" (Jornal do Brasil, 10 de dezembro de 1990)
"O ex-presidente da Cobraf (comissão Brasileira de Arbitragem do Futebol) e indicado como observador pela CBF para a partida, Áulio Nazareno, foi diplomático: "Não posso comentar porque não vi o lance. E se tivesse visto, não poderia comentá-lo por uma questão de ética". Mas, segundo depoimento do radialista Silvio Almeida, da rádio Gaúcha, no momento do lance Áulio comentou: "Que barbaridade". (Jornal do Brasil, 10 de dezembro de 1990)
"O diretor de futebol Túlio Macedo também reclamou. "Não tenho nada contra a pessoa do sr. Wilson Carlos dos Santos, mas o fato de ele pertencer à Federação Paulista nos faz pensar"" (Folha de São Paulo, 10 de dezembro de 1990)
Fontes: Bola na Área, Correio do Povo, Folha de Hoje, Folha de São Paulo, Jornal do Brasil, Revista Semana em Ação, Pioneiro e Zero Hora
Grêmio 1x0 São Paulo
GRÊMIO: Sidmar; Alfinete, João Marcelo, Vilson e Hélcio (Biro-Biro); João Antônio, Donizete, Caio e Assis; Maurício e Nilson (Darci)
Técnico: Evaristo de Macedo
SÃO PAULO: Zetti; Cafu, Antônio Carlos, Ivan e Leonardo; Flávio, Bernardo e Raí; Alcindo (Ronaldo), Eliel e Elivélton
Técnico: Telê Santana
Brasileirão 1990 - Semifinal - Jogo de volta
Data: 8 de dezembro de 1990, Sábado, 18h00min
Local: Estádio Olímpico em Porto Alegre-RS
Público: 40.167 pagantes
Renda: Cr$ 23.227.500,00
Árbitro: Wilson Carlos dos Santos
Cartões Amarelos: Cafu, Alcindo e João Antônio.
Gol: Maurício, aos 3 minutos do segundo tempo
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