sexta-feira, janeiro 06, 2012

Fórmula do Gauchão 2012

Tem gente que não costuma perder a oportunidade de ficar calado. O atual presidente da Federação Gaúcha de Futebol é uma dessas pessoas, e em 2012 Francisco Novelletto não deixou de lado essa característica. Primeiro deixou claro aos clubes do interior que "Não quer que a verba liberada pela televisão pelos direitos de transmissão seja usada no pagamento de contas antigas". Depois, deu mais declarações absurdas em relação ao estadual que se aproxima. Entre elas destaco a seguinte:

"Sou aberto a qualquer diálogo e ideias, mas essa fórmula é muito boa. É a ideal. Enquanto eu estiver na presidência da Federação, vai ser isso. Todos jogam contra todos e tem emoção até o final. Caso algum clube caia fora, pode se recuperar depois no segundo turno" (Guilherme Becker - Zero Hora - 05/01/2012)


Antes de qualquer coisa, é imperioso apontar que logo nas primeiras frase Novelleto se contradiz. Do que serve o diálogo se a fórmula "vai ser isso" enquanto durar esta gestão? Outro ponto é que o fator apontado como virtude por Novelletto me parece ser na verdade um defeito. Os oitos times que "caem fora" em cada turno ficam três rodadas sem jogar (sem renda, sem exposição, etc...).

Mas um principal problema dos estaduais (e do calendário brasileiro em geral) é a questão das datas. E nisso o Gauchão está longe de ter a fórmula "ideal". Com 16 times e 23 datas, o campeonato gaúcho talvez tenha o pior formato entre os regionais que envolvem grandes clubes.

- Em Minas Gerais, são 12 clubes, em um campeonato de 15 datas.

- No Rio de Janeiro, com quatro grandes clubes entre os 16 participantes, temos 21 datas. A fórmula do gauchão foi supostamente copiada do certame carioca, mas aqui foi acrescida uma quartas-de-final em cada turno.

- Somente em São Paulo é que temos também um campeonato de 23 datas, mas lá 20 clubes disputam o torneio, sendo 6 deles times da primeira divisão do futebol brasileiro.

Como se vê, a fórmula do Gauchão exige um número excessivo de datas. O que causa inúmero prejuízos, como a dificuldade de se remanejar partidas e o costumeiro uso de times reservas pelos grandes da capital. Um campeonato de turno único, com os mesmos 16 participantes (com 4 classificados para as semifinais) demandaria 19 datas, quatro a menos do que o formato atual. E ainda diminuiria a discrepância entre o número mínimo e máximo que uma equipe pode fazer no torneio (que hoje é de 15 e 23, respectivamente)

Um outro defeito recorrente do gauchão é a questão dos números de jogos que cada equipe faz em casa e como visitante. Um problema que já foi verificado em 2009, 2010 e 2011. Na montagem da tabela do campeonato do ano passado, foi prometido aos representantes do Grêmio que o Gauchão de 2012 usaria a tabela de 2011 de forma "espelhada". Não é o que se verifica. Já na primeira rodada vemos que o Grêmio novamente irá receber o Lajeadense.

E assim como em 2011 (e em 2009), o Inter fará mais jogos em casa do que o Grêmio. O co-irmão fará 8 das suas 15 partidas no Beira-Rio, enquanto o Grêmio terá 7 jogos no Olímpico (incluindo aí o Grenal).

Ao menos dessa vez o Grêmio terá o mesmo número de partidas em Porto Alegre, pois enfrentará São José e Cruzeiro fora de casa. Mas outras coisas na montagem da tabela seguem estranhas. Pelo terceiro ano seguido é Grêmio que vai jogar na Boca do Lobo, enquanto o Inter recebe o Pelotas. Pelo terceiro ano seguido é o Grêmio que vai até Erechim enfrentar o Ypiranga. Pelo terceiro ano seguido o Grêmio enfrenta o Caxias em casa e o Juventude fora, enquanto o contrário acontece com o Inter.

São esses "detalhes" que acabam fazendo que muita gente enxergue o Gauchão como sinônimo de bagunça e atraso.

2 comentários:

Anônimo disse...

Concordo com vc qnto a contradição e arrogancia do noveletto. Mas discordo qnto a formula, q para mim é a ideal para campeonato estadual de nivel RS, MG, RJ. Pois os times tem chance de se levantar no returno. tem 3 decisões... acho q poderia ser igual ao Rio sem quartas d final nos turnos. Mas se fosse como SP q antes da 10ª rodada a metade ja ta fora. Gosto desta formula, e daria credibilidade manter tradição as taças Piratini e Farroupilha.

heraldo disse...

e tambem de corrupção.