terça-feira, julho 30, 2013

Gre-Nal sem torcida visitante? Futebol sem torcida é futebol?

 A Brigada Militar anunciou que não permitirá a presença da torcida visitante no próximo Gre-Nal a ser disputado na Arena. Não se pode dizer que tal anúncio é uma surpresa. Os rumores de tal decisão ganharam força na última semana. É claro que, antes disso, diversos outros fatores contribuíram para que se chegasse a um cenário onde fosse possível cogitar uma medida tão severa. 

Eu vejo isso tudo com muita tristeza, um sinal claro de fraqueza nas relações sociais. Por óbvio que a responsabilidade (em maior ou menor grau) é de todos, das torcidas, dos clubes, dos governos e da mídia. Mas não há como deixar de questionar a forma como tem atuado a polícia nos estádios de futebol do Rio Grande do Sul. As "soluções" passam sempre por restringir os direitos dos torcedores.

O subcomandante Geral da BM argumenta que não havia como "dar segurança no deslocamento" da torcida visitante. Mas essa afirmativa pouco esclarece e gera diversas outras perguntas: Quem além da Brigada pode dar segurança? É realmente necessário fazer a escolta da torcida adversária até o local do jogo?

Em maio de 2011 eu tentei ir até o Beira-Rio por conta própria, mas quem me forçou ingressar na escolta não foi a torcida do rival, e sim a própria Brigada Militar (que posteriormente obrigou que todos os torcedores do Grêmio tirassem os seus sapatos antes de ingressar no estádio). Essa é a melhor maneira de se criar um clima de paz, segurança e tranquilidade para uma disputa desportiva? Não deveríamos tratar o torcedor com maior civilidade?

Me parece clara a má-vontade do comando da BM com o policiamento de partidas futebol (basta ver a já histórica pretensão de cobrança de taxas pelo serviço). Os últimos episódios de violência na Arena (coincidentemente em dois jogos com o Fluminense) foram potencializados por uma atuação inadequada de alguns brigadianos.

No presente caso o que mais choca é que a forma que se optou pela torcida única. Chega a ser surreal que a própria Brigada Militar é que decide se quer ter mais ou menos trabalho na operação. E quem vai avaliar (e muitas vezes avalizar) a decisão é a imprensa, que em nada é afetada pela medida (seja porque alguns jornalistas jamais pisam no estádio, seja porque outros jornalistas seguirão tendo livre acesso nos dois campos).

Não demorou muito para que aparecesse a infame sugestão de realizar clássicos sem torcida alguma. Aí teríamos o fim do futebol. Sim, porque o futebol só esse fenômeno social, midiático e financeiro em razão das torcidas. Ou, como melhor resumiu Jock Stein, lendário treinador do Celtic:

"football without the fans is nothing"


Um comentário:

Rafael Medeiros disse...

Sou a favor de torcida única nos Grenais. Explico-me.
O futebol nada mais é que o “circo” e sendo o esporte mais popular do mundo, agrega todas as classes sociais em torno dele. Sendo um esporte popular, é uma expressão da sociedade em que está inserido. E aí está o grande problema. Os estádios brasileiros são o reflexo da sociedade brasileira. Sociedade doente.
Quando decidiram limitar a entrada da torcida adversária nos clássicos brasileiros, abriu-se o precedente da presença de um pessoal “armado pra guerra”. Quando acuam a massa, atiçam a violência. Tem sempre uma galera que tá pré-disposta a enfrentar a polícia.
Eu espero que seja o tratamento de choque que a gente precise para acabar com essa babaquice de 10% de torcida rival nos estádios. Ou libera meio a meio ou então deixa torcida única.