Na sua reestreia, Felipão mexeu bastante na equipe tricolor para o Gre-Nal do Beira-Rio (o já tradicional clássico do 1º turno disputado no 2º semestre, uma das bizarrices do calendário brasileiro). E aparentemente algumas mudanças deram certo. Em especial as entradas de Walace e Felipe Bastos como volantes. Passados os minutos iniciais, onde o Inter conseguiu fazer algumas jogadas de linha de fundo, o tricolor passou a controlar o meio de campo. A equipe parecia fazer mais desarmes no setor na comparação com jogos anteriores e valorizava mais a posse de bola (fato reconhecido pelo adversário), contudo o jogo era bastante truncado e os goleiros pouco trabalhavam. As melhores situações da primeira etapa foram gremistas, mas Rodriguinho teve seu chute bloqueado quanto ingressava pelo lado direito da área e Dudu acabou perdendo o equilíbrio ao tentar o arremate na bola que sobrou limpa para ele.
Fernandinho entrou no intervalo no lugar de Rodriguinho, e Dudu saiu da ponta-esquerda para o lado direito. Eu não teria feito essa substituição. Dudu estava tecnicamente pior do que Rodriguinho (que dava alguma contribuição no toque de bola do meio campo). Mas falo isso tendo visto o jogo na TV, não consigo avaliar qual dos atletas cumpria melhor papel tático (ex: acompanhar o lateral, etc...). Todavia a mudança não alterou imediatamente a cara do jogo. O Grêmio seguiu propondo um pouco mais as ações, mas acabava esbarrando na inoperância do seu ataque. Barcos não conseguia se apresentar para fazer o pivô, perdendo a grande maioria das disputas com os defensores colorados. O Inter, que tinha mantido o 0x0 até ali sem fazer muita força acabou fazendo o 1x0 aos 16 minutos do segundo tempo. Alex ameaçou um chute que já a muito não se concretiza e com um corte acabou abrindo espaço na defesa gremista, que acabou se desorganizando, ficando fora de lugar, com Dudu chegando tarde para bloquear o cruzamento de Fabrício e Werley deixando Aranguiz, que até ali estava apagado no jogo, subir sozinho para cabecear a bola para o fundo das redes. O Grêmio tentou, ainda que timidamente, reagir ao gol sofrido. Luan entrou bem no jogo, preocupando a defesa adversária e sofrendo faltas. O tricolor teve alguns escanteios para ameaçar, mas acabou levando o 2º num contra-ataque concluído por Cláudio Winck, quase na marca do pênalti, aos 39 minutos do segundo tempo.
Como de costume, diversas análises serão feitas a partir de mais um insucesso. Eu entendo e me identifico com muitos dos que se revoltam. O retrospecto recente em clássicos e a falta de títulos contribuem muito para isso. O contexto acaba tornando piores os eventos isolados. Mas considero que a atuação tricolor foi boa/razoável até a 15 minutos do 2° tempo. Os problemas que o Grêmio vem apresentando não seriam corrigidos em uma semana.
Nesse jogo eu gostei do posicionamento defensivo do Grêmio. O time pareceu mais compacto, sem tanto espaço entre as linhas. O que ainda não se viu foi qualquer tipo de mudança na movimentação ofensiva.
O fato de viver um melhor momento e de ter um time mais bem estruturado ajuda muito a explicar a vitória do Inter. Abel tinha atletas da função do goleiro ao centroavante. Felipão jogou com um volante improvisado na lateral direita e um lateral-direito atuando com lateral-esquerdo. A propósito, a lateral-esquerda é uma das posições mais sintomáticas da falta de organização e sequência do Grêmio. Desde 2011 o Grêmio disputou 24 Grenais e utilizou 11 jogadores diferentes nessa função nos clássicos (12 se consideramos Joílson, que jogou por poucos minutos ali na final do Gauchão de 2010). O ex-jogador da seleção brasileira André Santos, contratado a peso de ouro junto ao Arsenal da Inglaterra, sequer vestiu a camisa tricolor contra o Internacional. Pará estreou em Grenais improvisado na lateral esquerda em abril de 2012. Depois de mais de 2 anos, 3 outros laterais em 9 clássicos, Pará estava de volta ao lado esquerdo da defesa gremista. Esse rodízio explica muito o porque das dificuldades do futebol tricolor.
Eu acho um absurdo o que o Grêmio tem feito com o Luan. É prata da casa, é um dos que mais produziu na temporada e ainda assim é sempre o primeiro a ir pro banco. O clube expõe os guris da base e blinda dirigentes. Deveria ser o contrário.
O resultado não passa em nada para a arbitragem (a discussão até poderia ser outra o Fernandinho tivesse feito gol no lance em que equivocadamente foi marcado impedimento) mas dizer que a atuação de Daronco foi ótima é atentar contra o bom senso. Não consigo entender um juiz que mostra cartão amarelo por cera aos 24 minutos de jogo para depois dar somente o tradicional 1 minuto de acréscimo ao final do primeiro tempo.
Não que seja uma exclusividade tricolor, mas inegavelmente é a torcida gremista a que vem sofrendo mais com a questão referente as medidas de segurança para os jogos de futebol em Porto Alegre. É inacreditável que o Ministério Público chancele medidas que limitem o direito de ir e vir. A proteção do interesse e direitos dos seus torcedores deveria ser de total interesse do clube, mas eu imagino que isso não vai acontecer enquanto o pensamento de que "Torcida não ganha jogo" tenha espaço na direção do Grêmio.
Fotos: Fabiano do Amaral (Correio do Povo ), Ricardo Rimoli (Lance) e Lucas Uebel (Grêmio)
Inter 2x0 Grêmio
INTER: Dida; Wellington Silva (Cláudio Winck, intervalo), Ernando, Juan, Fabrício; Willians (Ygor, 42'/ 2ºT), Wellington, Aránguiz, D'Alessandro, Alex; Rafael Moura (Wellington Paulista, 36'/2ºT)
Técnico: Abel Braga
GRÊMIO: Marcelo Grohe; Ramiro, Werley, Rhodolfo e Pará; Walace, Fellipe Bastos; Rodriguinho (Fernandinho, intervalo), Giuliano (Alán Ruiz, 43'/2ºT) e Dudu (Luan, 22'/2ºT); Barcos
Técnico: Luiz Felipe Scolari
Inter 2x0 Grêmio
INTER: Dida; Wellington Silva (Cláudio Winck, intervalo), Ernando, Juan, Fabrício; Willians (Ygor, 42'/ 2ºT), Wellington, Aránguiz, D'Alessandro, Alex; Rafael Moura (Wellington Paulista, 36'/2ºT)
Técnico: Abel Braga
GRÊMIO: Marcelo Grohe; Ramiro, Werley, Rhodolfo e Pará; Walace, Fellipe Bastos; Rodriguinho (Fernandinho, intervalo), Giuliano (Alán Ruiz, 43'/2ºT) e Dudu (Luan, 22'/2ºT); Barcos
Técnico: Luiz Felipe Scolari
14ª Rodada - Campeonato Brasileiro 2014
Local: Estádio Beira-Rio, em Porto Alegre
Público: 37.222 (32.642 pagantes)
Renda: R$ 1.572.200,00
Arbitragem: Anderson Daronco-RS
Auxiliares: Rafael da Silva Alves e Marcelo Barison
Cartões amarelos: Alex, Cláudio Winck, Wellington Paulista (I); Rodriguinho, Marcelo Grohe, Fellipe Bastos, Pará (G)
Gols: Aránguiz aos 16 minutos e Cláudio Winck aos 39 minutos do segundo tempo
Local: Estádio Beira-Rio, em Porto Alegre
Público: 37.222 (32.642 pagantes)
Renda: R$ 1.572.200,00
Arbitragem: Anderson Daronco-RS
Auxiliares: Rafael da Silva Alves e Marcelo Barison
Cartões amarelos: Alex, Cláudio Winck, Wellington Paulista (I); Rodriguinho, Marcelo Grohe, Fellipe Bastos, Pará (G)
Gols: Aránguiz aos 16 minutos e Cláudio Winck aos 39 minutos do segundo tempo
2 comentários:
concordo do início ao fim
Concordo com o comentário, só espero que o Felipão faça uma análise mais aprofundada de nosso time, e veja que não temos meias-armadores, o último título que ganhamos (Gauchão), ainda contávamos com Douglas, precisamos urgente de alguém com essas características.
Abraço a todos!!
Jorge L. Weymar
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