segunda-feira, junho 21, 2010

Profissionalismo e Paixão

Nessas férias na parada da Copa do Mundo, o assunto mais discutido pela mídia e pela torcida no Rio Grande do Sul foi a contratação do novo técnico do Internacional.

Ventilaram-se os nomes de Luis Felipe Scolari e Adílson Batista. Claro que em meio a isso foi possível perceber que as notícias traziam muito mais o desejo dos jornalistas do que propriamente uma informação bem apurada. O jornalismo sério parece ter sido deixado de lado.

No fim, nem Adílson e nem Felipão desembarcaram no Beira-Rio. Ingênuos (como eu) esperavam um mea culpa por parte da mídia. Obviamente isso não aconteceu (sequer foi cogitado), e pra piorar a situação a não concretização dos negócios foi atribuída a uma suposta falta de profissionalismo dos dois. Adílson por ter dito que secaria o Inter em 2006 (uma história que é sempre mal contada) e Felipão pelos termos da sua nota oficial.

Em suma, os dois foram acusados de falta de profissionalismo por terem se declarado gremistas, e por isso ter pesado nas suas negativas.

Eu não poderia discordar mais dessa acusação.

Não é preciso ser nenhum gênio pra perceber que o negócio do futebol é justamente a paixão. É a paixão que enche os estádios, é a paixão que faz com que as cifras envolvidas subam vertiginosamente, enfim a paixão é o "core business" do esporte.

Quem vive do futebol deveria ter alguma facilidade para entender isso. Mas isso nem sempre acontece. Bem sucedidos são os que sabem captar ou medir o sentimento que cerca o jogo, a paixão que impulsiona os times.

Assim sendo, me parece extremamente insensível (para não dizer muito burro) duvidar do profissionalismo do trabalhador que leva em conta a paixão no momento de tomar decisões na carreira.

10 comentários:

Gustavo disse...

Os vermelhos sempre esquecem que o Adilson já jogou pro Internacional.

Francisco Luz disse...

André, concordo com todo o teu texto, mas o link do azulpretoebranco é constrangedor... Ou quem escreveu aquilo não viveu no RS desde dezembro do ano passado, quando o inimigo público número 1 dos gaúchos foi contratado pelo Inter.

Sobre o Adilson, pelo jeito quem não lembra da passagem dele pelo Inter é o próprio, que sempre fez questão de desrespeitar o clube em qualquer entrevista antes de jogos pelo Cruzeiro.

Brum disse...

Francisco, disserta sobre teu comentário...
[],s

Francisco Luz disse...

Brum,

A imprensa esportiva gaúcha é, muito antes de gremista ou colorada, simplesmente ruim. Eu sou colorado, sou jornalista esportivo e me constranjo profundamente ao ver o que os gremistas e os colorados escrevem e falam, mas não pela defesa que eles fazem dos seus times. É pela pura burrice e estupidez.

O Fossati sofreu no Inter um ataque do mesmo nível que o Roth sofreu no Grêmio, com a diferença de que não estava acostumado ao grau de patifaria daqui. O que o Wianey Carlet, o Leandro Behs, o Benfica e o Diogo Olivier fizeram com ele (e alguns continuam fazendo) é EXATAMENTE igual ao que o Zini, o LH Benfica, o próprio Olivier, o André Silva e tantos outros fizeram com o Roth entre 2008 e 2009.

Eu não sei quem tu viu defender o Inter na opção que fez por priorizar a Libertadores. O que eu mais vi/li foi que o Fossati começou a CAVAR SUA COVA (semifinalista de Libertadores) ao escalar reservas contra o NH numa semifinal de primeiro turno de Gauchão - o que não vale literalmente NADA - por ter um jogo de verdade dois dias depois. O Vidarte disse que o Fossati tinha que ser demitido ali! A dois dias da estreia na Liber! E não foi o único.

Sem falar agora, que continuam querendo fazer a caveira do cara com os papos de treino em dois turnos, coisa que o setorista do Inter do ClicRBS disse que acontecia igualmente na pré-temporada. Mas entendo que isso faça parte da agenda positiva do momento, que vai durar até o Roth largar uma patada em alguém.

Enfim. Acho que parte da bosta que é a imprensa gaúcha é motivada pela vontade de procurar clubismo em tudo. Eu tô pouco me lixando que o Nando Gross seja gremista, porque acho ele bom comentarista. Assim como me constranjo com o fato de o Saraiva ser colorado, porque... bem, é o Saraiva, e se ele torce para o meu time, isso significa que não somos essa perfeição que eu achava nos meus três anos.

Se as torcidas de Inter e Grêmio souberem identificar os ruins pela sua burrice e ruindade, e não pela adivinhação "é gremista" ou "é colorado", nós todos sairíamos ganhando.

Foi mal pelo wall of text, mas me empolguei.

Abraços.

André Kruse disse...

Gustavo e Francisco,

Eu estava falando especificamente do desse episódio de agora, das cogitações pro substituto do Fossati.

E concordo com o esse teu ultimo comentario Luz. Acho que essa coisa de esconder o clube acaba servindo muito mais como um escudo para os ruins e torna o debate bem baixo.

mas só pra ilustrar, caras como o Reche reclamaram da FGF em 2010, o que nao fizeram em 2009.Mas nem por isso deixaram de queimar o fossati.

Francisco Luz disse...

Bah, eu larguei a Guaíba de mão, já. Sinceramente, não faço ideia do que o Reche ou o Haroldo possam ter dito desde o ano passado. E nem sei se adiantaria algo os caras dizerem pra que time torcem. PARA MIM, é irrelevante, a não ser para provocar em uma discussão. Acho uma bobagem esconder isso, mas acho que o buraco é bem mais embaixo.

Mas, como disse, concordei totalmente com o teu post. A torcida pelo Felipão no Inter foi tão histérica que, na nota em que ele negou que viria, não falou nem do contato que fizeram com ele - que, desde o início, não deu em nada -, mas das "incessantes notícias". Mostra que não tinha fundamento nenhum, mesmo - e com gente escrevendo que o Inter ia se queimar por não satisfazer a vontade da torcida e trazer o Felipão...

Aí tu vê o nível da demência.

Brum disse...

Francisco,
Agora entendi teu comentário. Não deixa de ser por ruindade e por procurar clubismo em tudo como tu disseste. O que motiva a nós Gremistas de fazer uma crítica tão contundente em cima da dita "imprensa" é que episódios vinculados ao Inter são muito mais valorizados que os do Grêmio.

claro que o Fossatti foi queimado que nem bruxa na inquisição mas nem isso foi o suficiente para que o Inter gozasse de mais espaços na mídia por parte de declarações do Carvalho ou do Piffero.

Igor Natusch disse...

O Fossati sofreu no Inter um ataque do mesmo nível que o Roth sofreu no Grêmio, com a diferença de que não estava acostumado ao grau de patifaria daqui. O que o Wianey Carlet, o Leandro Behs, o Benfica e o Diogo Olivier fizeram com ele (e alguns continuam fazendo) é EXATAMENTE igual ao que o Zini, o LH Benfica, o próprio Olivier, o André Silva e tantos outros fizeram com o Roth entre 2008 e 2009.

Eu não poderia concordar mais com essa afirmação. De fato, é exatamente isso.

Quanto à questão clubística, me choca imensamente que tenha gente de boa cabeça por aí comprando essa BOBAGEM MONSTRUOSA de que profissional de verdade trabalha para qualquer clube. Sim, a questão GRE-nal pesou muito para o Felipão não aceitar treinar o Inter, e isso não é ruim, pelo contrário, é excelente! Se acontecer um dia de o Grêmio chamar, sei lá, o Fernandão para ser treinador ou qualquer coisa assim, vou respeitá-lo imensamente se ele recusar - porque, ainda mais do que ser um nome lendário do Internacional, ele será uma pessoa que respeita e entende o ESPÍRITO do futebol. Nem tudo é cifrão, meus amigos - no futebol e na vida.

André Kruse disse...

Natusch,

Eu até iria citar a seguinte entrevista do Abel no texto, mas na hora resolvi deixar de fora:

"clicEsportes — Vocês descarta treinar o Grêmio um dia?

Abel Braga — Eu acho muito impossível, porque são cinco passagens pelo Inter. E essa última marcou muito. Foi quando eu vi realmente o Inter no seu maior estágio, o Inter muito bem administrado, o Inter com uma estrutura patrimonial muito grande, com uma condição de trabalho excelente, departamento médico, vestiário, campo de treinamento, tudo. A minha identificação com o Colorado é muito grande, eu sou vermelho. Não seria bom para o Grêmio e não seria bom para mim. Então essa relação que eu tenho com o Inter até pode vir a ser quebrada um dia por qualquer outra razão, mas não acredito que será por eu trabalhar no Grêmio. Isso é impossível apesar de toda a admiração, o respeito e o carinho que tenho pelo Grêmio, que é um grande clube do Brasil. Os poucos grandes amigos que eu tenho no futebol são todos ligados ao Inter. "


http://www.clicrbs.com.br/esportes/rs/noticias/futebol-inter,2582893,Abel-Braga-Acho-impossivel-treinar-o-Gremio-um-dia-.html

Anônimo disse...

Ribeiro Neto diz que a imprensa sobrevive de exageros.

Eron Dalmolin fala varias vezes sobre a mania que se tem de negar a noticia. Cria-se um fato pra virar manchete, e depois cria-se a negação do fato pra virar uma segunda manchete.

Ex: INTER ESTA CONTRATANDO FELIPÃO. Depois. FELIPÃO NAO VEM PRO INTER.

E assim vai. E hj em dia, creio eu que com a internet e a rapidez da informação, essa necessidade só tende a aumentar. É preciso ter manchetes com muito mais frequencia do que se tinha antes.
E o caminho fácil pra isso são os boatos. Fácil, não o correto.