Em 1971, a Revista Grandes Clubes Brasileiros entrevistou o único fundador do Grêmio vivo a época, Frederico Reinoldo Panitz, que fez um primoroso relato sobre as origens do tricolor:
-Os dirigentes do Grêmio não sabem a que horas foi fundado o clube. O senhor se lembra?
- Espere só um pouquinho. Deixe ver. Já estava escurecendo. No mês de setembro, quando começa a escurecer são 19 horas. Isso mesmo. Pode escrever 19 horas. Essa a hora em que nós reunimos na Rua José Montauri, para fundar o Grêmio, por idéia do paulista Cândido Dias da Silva, o dono da bola.
- O senhor disse na Rua José Montauri? Não foi na Praça 15 de Novembro?
- Não. Foi na José Montauri. É ali onde hoje existe um restaurante da Dona Maria. Era um hotel muito bom na época. Tinha uma comida que era uma beleza.
Frederico Panitz entrou em campo contra o Fussball, no jogo entre os segundos quadros das equipes, no que foi primeiro confronto do Grêmio. Então com 20 anos de idade, Panitz é o atleta mais a direita da foto abaixo:
Panitz explicou em que posição atuava e como se desenvolvia o jogo na época:
- O senhor jogava em que posição?
- Como é que eu vou explicar. Eu jogava na segunda linha. Ah, já sei. Eu jogava na linha média. Poderia se dizer half.
- Jogava bem, seu Frederico?
Depois de uma gostosa gargalhada, o fundador do Grêmio responde:
- Naquela época, ninguém jogava nada. Era só correria. O negócio era chutar pra frente. Para que o senhor tenha uma idéia, basta lhe dizer que, quando um jogador tocava a bola como a mão, todos gritavam hands. E aí parava o jôgo e era cobrada a falta. E todo mundo obedecia. Ninguém queria enganar os outros. Isso era muito feito. Pelo menos a grande maioria era gente de vergonha e o jôgo parava.
Seu Frederico explicou a sua estranha, porém bonita relação com o Estádio Olímpico:
- Há muito que não vai a futebol?
- Olhe, meu filho, eu até nem conheço o estádio Olímpico, que foi inaugurado em 1954.
- Por que não foi lá?
- Os dirigentes do Grêmio quiseram me levar lá no cinqüentenário do clube. Ia, mas depois, fiquei com medo. Não gosto de chorar e acho que não ia resistir vendo aquela coisa maravilhosa.
Por último, o fundador demonstra seu espanto com o patamar que o Grêmio atingiu:
- O senhor sabe mais ou menos quantos associados o Grêmio tem?
- Acho que uns 10 mil. É isso, não?
- Não. São 50 mil sócios.
- Tantos assim? Pensei que fossem 10 mil. E já achava muito. Que coisa, como o meu clube ficou grande.
13 comentários:
bah, que material fantástico, André. Sensacional.
Parabéns aos tricolores.
Demais demais demais!!!
Dalhe tricolor!
Demais demais demais!
Dalhe tricolor!
É, Seu Panitz. Seu clube é o maior destes pagos.
chorei. obrigado, Panitz.
Nossa senhora. Nunca imaginei a dimensão que seria para um fundador do clube vê-lo crescer e chegar ao patamar que o Grêmio chegou. Uma entrevista com ele, então...
Indescritível. Parabéns a nós e ao André, por este material extraordinário.
Sensacional!
Não entendi uma coia: diz que esta entrevista foi dada em 1971... mas o Grêmio tinha 50 mil sócios naquela época ???
Obrigado Sr. Panitz
Sempre me perguntei se havia algum documento, jornalístico ou não, com um os fundadores do clube e o papel deles ao longo do tempo em que o clube foi crescendo. Até mesmo gostaria de saber dos descendentes deles, como veem o clube hoje.
Belo achado mesmo, André. Parabéns, sempre surpreendendo com estes materiais.
Abraço.
Sensacional!
Belo acervo, André. É de emocionar o depoimento do Seu Frederico.
Procurei pela matéria, pois um dos bisnetos do Sr. Panitz mora aqui em Joinville, e se manifestou como bisneto de fundador do Grêmio. Ele ta no Facebook: João Vicente Panitz.
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