terça-feira, setembro 24, 2013

Excesso de jogos e o desempenho das equipes

Na manhã desta terça-feira, 75 jogadores dos grandes clubes brasileiros assinaram um manifesto demonstrando " preocupação com relação ao calendário de jogos divulgado na última sexta-feira (20/09) pela Confederação Brasileira de Futebol para o ano de 2014." Não lembro de qualquer movimento semelhante na história do futebol nacional. Destaco um trecho em especial, que parece sintetizar bem a reivindicação dos atletas:

"Devido ao curto período de preparação proposto e ao elevado número de jogos em sequência, decidimos nos reunir, de forma inédita e independente, para discutir melhorias em prol do futebol e da qualidade do espetáculo apresentado por nós a milhões de torcedores".(o grifo é meu)

Considero um tanto triste que a iniciativa de preservar a qualidade do espetáculo (ou do jogo, como queiram) tenha sido dos jogadores, e não dos clubes. De toda a forma, creio que o questionamento é válido: Até que ponto o excesso de jogos afeta o desempenho das equipes?

Segundo Alex, do Coritiba, o elevado número de partidas tem afetado o nível técnico do futebol jogado no Brasil: 

"Cada rodada os times estão sofrendo com isso. Muito se fala de preparação, departamento médico, mas não falamos de calendário. E isso não é bom para ninguém. Quem está perdendo qualidade é o futebol brasileiro. Todos os jogos, no segundo tempo o nível cai muito. Os jogadores têm falado a respeito, comentando."

No mesmo sentido, um dos destaques do líder do campeonato, Everton Ribeiro afirmou que tem sentido que seus adversários estão mais "desgastados". Mas será que essa vantagem física decorre somente da condição atlética desse jogador? Será que é fruto do trabalho da preparação física e da fisiologia do Cruzeiro? Será que não poderíamos atribuir também ao menor número de jogos que o time mineiro fez nessa temporada?

O Cruzeiro disputou, até aqui, 47 jogos na temporada (sendo que 2 desses foram amistosos durante a parada da Copa das Confederações). Dos times da Séria A, somente Vasco e Bahia tiveram menos compromissos em 2013.

O Grêmio, que não disputou nenhuma final de turno no Gauchão e foi eliminado nas oitavas de final da Libertadores já soma 53 partidas em 2013. Mesmo número de partidas que fez o Atlético Mineiro, campeão da Libertadores e do seu estado. Nessa comparação fica claro que o maior número de jogos do tricolor se deve ao excesso de datas do campeonato estadual (23 do Gauchão contra 15 do Mineiro, problema que já referi em mais de um post aqui no blog)

O surreal da história é que o primeiro dirigente a se manifestar sobre o pedido dos atletas foi Francisco Novelletto, da federação gaúcha. E mais uma vez perdeu uma oportunidade de ficar quieto, pois tratou de defender de maneira intransigível a fórmula do campeonato gaúcho, de acordo com uma interpretação estapafúrdia do  artigo 9º do Estatuto do Torcedor.

2 comentários:

Sancho disse...

Surreal! Eis o par. 5º:

"§ 5o É vedado proceder alterações no regulamento da competição desde sua divulgação definitiva, salvo nas hipóteses de:

I - apresentação de novo calendário anual de eventos oficiais para o ano subseqüente, desde que aprovado pelo Conselho Nacional do Esporte – CNE;

II - após dois anos de vigência do mesmo regulamento, observado o procedimento de que trata este artigo."

O tal "procedimento" é o prazo de 45 dias do início da competição (par. 4º). O campeonato começa em janeiro. Até NOVEMBRO, a FGF tem total liberdade de estabelecer/alterar o regulamento como quiser...

Ronaldo disse...

André, repito o trecho final do meu comentário em um outro post seu sobre o assunto: Infelizmente, essa fórmula falida técnica e comercialmente só mudará quando seu criador, tal qual o Dr. Victor Frankenstein, perceber que de fato criou um monstro. É o caso do Noveletto, o criador apaixonado pela criatura, mesmo ela sendo monstruosa.