sábado, julho 04, 2009

M&M marrom do Van Halen



As exigências de camarim de artistas sempre despertam grande curiosidade.

Virou lendário o pedido do Van Halen, de uma tigela de M&M´s, dentro da qual não poderia haver nenhum M&M marrom.

Diferente do que se possa imaginar, não era um capricho de Rockstar, e sim uma espécie de "pega-ratão".

O Van Halen fazia no contrato uma série de exigências técnicas para o show, e entre elas incluía essa dos M&M´s. O que tornava a coisa muito simples. Ao entrar no camarim, bastava olhar para o pote de doces, e já era possível saber se o produtor do show cumpriu ou não as cláusulas do contrato.

 

Mas o que isso tem a ver com futebol? e com o Grêmio?

Bom, quinta-feira eu estabeleci o meu M&M marrom.

Na noite anterior, aqui mesmo em Porto Alegre, disputava-se uma final de campeonato. Tanto a torcida do time da casa, como também a visitante, ingressaram no estádio com bumbos, bandeiras, faixas, foguetes, sinalizadores e etc...

Para minha surpresa, na quinta pela manhã ainda pairava dúvida sobre o ingresso desses mesmos materiais no Olímpico. Demonstrei meu espanto no Twitter. Foi publicada uma nota sobre as negociações com a Brigada no site oficial do Grêmio. No meio da tarde, tal nota sumiu. Mas o conteúdo foi reproduzido no FinalSports e na Zero Hora.

Cheguei cedo no Olímpico, entrei antes das 20h30min, pelo portão 10. Nenhum sinal de faixas, trapos, bandeiras e barras. Pra mim, a ausência de tais materiais se equivalia a presença de um M&M marrom no pote do Van Halen.

Ali ficava claro que, se a direção era incapaz de cuidar de um detalhe, era também incapaz de cuidar do todo que envolve um partida de futebol, um campeonato e o resto que envolve a vida do clube.

Poderia estender este argumento para outras áreas, como a camisa usada do brasileiro, mas o tema aqui é a segurança e a organização dos jogos.

Ainda não obtive nenhuma explicação razoável sobre qual o risco que a presença de um pedaço de pano na arquibancada oferece.
Na minha opinião, a partir dessa questão dos materiais se explica muita coisa.
Primeiro a importante lembrar da posição da direção, que por revanchismo resolveu dificultar a vida da sua principal torcida. O que era um grande trunfo do Grêmio foi atacado por quem comanda o clube. E este absurdo não foi deixado de lado nem no principal jogo do ano.
Sem falar que a diretoria deixa a Brigada Militar fazer o que bem entende dentro do Olímpico.
Essa de a Brigada mandar fechar portões foi rídicula. Havia muito espaço dentro do estádio, especialmente nas cadeiras, à esquerda das cabines de imprensa.
Por óbvio houve revolta e confusão. Ensaiou-se atribuir a culpa a torcida "bagunceira" do Grêmio. Mas aí pipocaram relatos de mulheres, idosos e pais de famílias agredidos.
Então foi a vez de empurrar a culpa para a direção do Grêmio. Enquanto isso a Brigada segue negando os seus excessos. O comandante, , coronel Jones Calixtrato, chega a fazer a rídicula sugestão de o torcedor ir ao BOE fazer queixa (na Record foi feita reportagem com um sujeito que apanhou ao tentar identificar o brigadiano que agredira o seu amigo).
A direção tem sim sua parcela de culpa. O problema é bem pontual. Quem é sócio do clube pode entrar por qualquer setor do anel inferior, sendo apenas 5 portões para mais de 30 mil lugares. Nada impede que 20 mil pessoas entrem pelo mesmo portão e por ali permaneçam.
O problema é antigo, em 2006 eu demonstrei minha preocupação com esses números. O Grêmio tentou resolver isso? A brigada tomou alguma providência?
Não, ao invés disso, em nome da "segurança" ficaram complicando a entrada de materiais que tornariam a festa mais bonita.
Pior ainda, negaram acesso a quem tinha direito de entrar no estádio.
Falta pulso e vontade no Grêmio para coibir os desmandos da Brigada dentro do Olímpico.

4 comentários:

Sancho disse...

Publiquei minha opinião em dois lugares e solicitei que também fosse no impedimento:

a) http://tiefschwartz.blogspot.com/2009/07/noite-em-que-fui-barrado.html

b) http://cruzeiro.org/blog/a-noite-em-que-fui-barrado/

Um abraço.

P.S.: Hoje não me dei sequer o trabalho de pensar em ir ao jogo...

André Kruse disse...

impressionante a frieza e a racionalidade do teu relato.

Eu não sei o que teria feito na mesma situação.

linkei teu post no twitter.

http://twitter.com/Gremio1983/status/2496036117

Guilherme Thudium disse...
Este comentário foi removido por um administrador do blog.
Sancho disse...

A frieza e a racionalidade estão no relato, André. Na hora, estava possuído. Cheguei em casa tão bravo, que minha mulher chegou a ficar assustada. Mas, eu estava controlado, o que faz toda a diferença.

A primeira coisa que fiz, quando vi que tudo estava fechado, foi ligar para minha esposa. Enquanto contava a ela o que estava acontecendo, percebi que o melhor a fazer era ir embora; mas não sem antes gritar "VAAAAAAAAAAÁRZEA!!!!" na frente da Ouvidoria, quando passei por lá na saída.

Um abraço.