segunda-feira, dezembro 10, 2007

Investimento Arena

Sei que não é problema do Grêmio propriamente, é muito mais da Odebrecht ou da TBZ, e sei também que a busca de investidores não é restrita ao Brasil, mas a matéria abaixo, publicada na Folha de São Paulo de domingo é bem interessantem, uma das primeiras a abordar a questão da presença da iniciativa privada na copa de 2001.



Arenas de Copa não atraem empresas

Pesquisa da FGV aponta que só 19% de líderes empresariais investiriam em estádios para Mundial-2014

MARIANA BASTOS
DA REPORTAGEM LOCAL

Mesmo com os esforços do ministro do Esporte, Orlando Silva Jr., para demonstrar que os estádios da Copa do Mundo de 2014 devem ser de inteira responsabilidade da iniciativa privada, o empresariado brasileiro ainda vê essa possibilidade com certa
desconfiança.
Prova disso é que, em uma pesquisa instantânea feita pela FGV (Fundação Getúlio Vargas) entre associados do Lide (Grupo de Líderes Empresariais), constatou-se que 54% dos empreendedores não estariam dispostos a investir em obras de infra-estrutura, como estádios de futebol, para a Copa. Outros 27% disseram que talvez investiriam. E o restante, 19%, respondeu que sim.
A pesquisa foi realizada na quinta-feira, durante um evento promovido pelo Lide, que contou com a presença do ministro e de 186 executivos de empresas, entre as quais Coca-Cola, Nestlé, Golden Cross, Oi, CPFL e Brasil Telecom.
O ministro, que tem sido garoto-propaganda da Copa para empresários, discursou sobre a necessidade de transferir do governo para a iniciativa privada a gestão dos estádios. "Discuto se a função de manter o estádio deve ser do Estado. A administração privada facilita a manutenção. Aposto que a Copa pode mud
ar o perfil da gestão dos estádios, que passarão a ser encarados como arenas multiuso. O que pode atrair o setor privado é um projeto de estádio que explore o setor imobiliário", conta Silva Jr. Ao contrário da Europa, onde as principais arenas têm seu nome associado a uma marca, no Brasil, o Kyocera Arena é um dos raros exemplos de estádio explorado comercialmente.
A falta de tradição nesse tipo de empreendimento provoca desconfiança nos investidores. "Votei no "talvez" porque acho que a parte de infra-estrutura deve ser de responsabilidade do governo. Ainda não existe no Brasil cultura de investimento de empresas em estádios. Mas acho que será interessante se houver PPPs [parcerias público-privadas]", diz Paulo Rodolfo, diretor da filial São Paulo da Brasil Telecom.
Outro fator que provoca insegurança é falta de modelos de gestão profissional no futebol.
"Os investimentos na Copa são grandes, então é necessária muita transparência. Na maioria das vezes, o empresário investe em futebol por sua paixão. E esses investimentos, na maioria das vezes, são de curto prazo. Isso reflete o baixo nível de confiança do investidor n
o produto futebol", explica João Doria Jr., presidente da Lide.
Outro ponto muito propagado pelo ministro em seu discursos foi a Lei de Incentivo ao Esporte, que garante desconto no imposto de renda para patrocinadores do esporte. Mesmo assim, a pesquisa revelou que 65% dos líderes só aplicariam verba ou ampliariam seus investimentos no esporte se houvesse incentivo fiscal.
"Os empresários ainda têm uma cultura limitada sobre investimento na área de esportes. Mas isso é um retrato do momento. A Lei de Incentivo ao Esporte foi regulamentada neste ano. Agora é que os projetos começam a ser avaliados", analisa o ministro do Esporte.

São Paulo, domingo, 09 de dezembro de 2007

3 comentários:

Márcio C. M. disse...

Gostaria de saber que empresas eles entrevistaram, pois acho brabo que 15% dessas empresas investem em golfe. Isso só pode ser uma piada.

Anônimo disse...

O povo de Atenas e Sidney está lamentando as Olimpíadas até hoje. O povo de Paris reclama que a Copa em 98 não teve o sucesso financeiro prometido. Londres já virou alvo de terrorismo para 2012. Os países fazem todo o investimento, daí a FIFA e a IOC entram e ficam com todo o dinheiro dos eventos. Se eu fosse governador, primeiro ministro ou presidente de um país, ficaria longe destes eventos.

Anônimo disse...

l.Márcio: Certamente a pesquisa foi realizada com empresários de grandes empresas multinacionais e nacionais que são a elite. E êles gostam de segurança e tranquilidade Portanto, não é de extranhar. 2.Robert: Os governantes como os cesares de Roma gostam de divertir o povo com "pão e circo". Num país como o nosso com tanta dificuldades patrocinar um evento em que poucos lucram vai nos custar muito caro.Abraços tricolores.