O título da Taça Guanabara no retorno de El Loco Abreu ao Brasil é um bom motivo para relembrar a passagem do uruguaio pelo Grêmio em 1998.
Segundo a Futpédia, foram somente 7 jogos, todos pelo Campeonato Brasileiro daquele ano.
Marcou apenas um gol na sua curta passagem, que foi abreviada pelo fato de Abreu ter machucado o pé ao chutar o chão batendo um pênalti em um treinamento.
Seu jogo mais marcante foi justamente esse em que foi às redes, contra o América-MG em jogo válido pela 19ª rodada.
Lembro de estar no estádio e ter presenciado tudo aquilo. Desde o aquecimento com a gola levantada, a euforia da torcida na sua entrada, a luta constante com os zagueiros, o gol e a expulsão. Tudo muito rápido e muito intenso.
Abaixo, o relatos da Zero Hora e do Correio do Povo:
O torcedor do Grêmio, que há pouco tempo sofreu ao ver sua equipe apática, sem vibração e força para reagir frente a um placar adverso, saiu de campo, ontem, entusiasmado. Na partida contra o América-MG, a equipe gremista voltou a apresentar problemas, especialmente no sistema defensivo, foi dominada pelo adversário no primeiro tempo, mas teve raça para buscar uma importante vitória de 2 a 1. A virada tricolor, que coloca o time na 10ª posição na tabela de classificação com 20 pontos, desencadeou momentos de euforia entre jogadores e torcida no final da partida.
-Essa vitória é para vocês – gritou o meia Ronaldinho, que não se conteve de alegria e jogou a camiseta para os torcedores.
O público que foi ao Estádio Olímpico na tarde de ontem, porém, ficou apavorado com o péssimo desempenho da equipe nos primeiros 45 minutos. O técnico Hélio dos Anjos, chamado de burro em coro pelos torcedores, mostrou uma equipe consciente e bem organizada. Para tentar surpreender o Grêmio no contra-ataque, escalou dois velocistas, Milton e Cílio, no ataque. A estratégia deu certo. Logo aos nove minutos, Milton antecipou-se à zaga gremista e concluiu de cabeça depois do cruzamento do lateral Dutra: 1 a 0.
O gol mineiro desmontou o Grêmio taticamente. Na tentativa de empatar o jogo rapidamente, os jogadores erraram inúmeros passes e facilitaram o trabalho do setor defensivo do América. Com os ex-gremistas Dário e Dinho à frente da zaga, o time de Minas Gerais desarmou dezenas de bolas e, com objetividade, chegou com perigo ao gol de Danrlei. Por duas vezes, Milton livrou-se do pesadão Rodrigo Costa e quase ampliou o placar.
Insatisfeito com a pobreza ofensiva do time na primeira etapa, principalmente de Clóvis, o técnico Celso Roth apontou para o centroavante Zé Afonso e o convocou para a conversa no vestiário. No primeiro minuto da etapa final, Fabinho chocou-se com Rodrigo Costa, cortou a cabeça e teve de ser substituído por Gavião. A entrada de Zé Afonso e Gavião – e mais a expulsão de Irênio aos cinco minutos – deram um novo ânimo ao time de Roth. Com personalidade, o jovem volante distribuiu bolas, chegou ao ataque e deu início a um bombardeio gremista contra o América. Ao contrário de Fabinho, que pouco chuta a gol, Gavião obrigou o ótimo goleiro Gilberto a duas excelentes defesas.
Empolgada pelo bom momento na partida, a torcida ficou mais ouriçada quando Roth chamou Loco Abreu, aos 19 minutos. De gola levantada e uma vontade impressionante, o atacante uruguaio fez a torcida enlouquecer ao marcar o gol de empate ao receber um passe de cabeça de Zé Afonso, aos 21 minutos. A partir daí, só o Grêmio jogou. Hélio dos Anjos fechou o meio-campo com mais um volante, mas mesmo assim, não conteve o time gaúcho que chegou ao 2 a 1 com um chute perfeito de Itaqui de fora da área. Vitória que deixou o torcedor com esperança, até mesmo, por uma classificação à próxima fase.
Grêmio 2x1 América-MG
27 de setembro de 1998
Grêmio: Danrlei, Walmir, Rodrigo Costa, Éder e Roger; Fabinho (Gavião), Goiano, Ronaldinho e Itaqui; Clóvis (Zé Afonso) e Rodrigo Mendes (Loco Abreu). Técnico: Celso Roth
América-MG: Gilberto, Evanilson, Álvaro, Júnior e Dutra; Dinho, Dário (Fabrício), Gilberto Costa e Irênio; Milton (Rinaldo) e Cílio (Careca). Técnico: Hélio dos Anjos
Gols: Milton, aos 9 minutos do primeiro tempo. Loco Abreu aos 29 e Itaqui aos 38 minutos do segundo tempo.
Cartões Amarelos: Goiano, Loco Abreu, Gilberto e Irênio
Expulsões: Loco Abreu e Irênio
Renda: R$ 97.660
Público: 11.217 pessoas
Arbitragem: Paulo César Oliveira, auxiliado por Roberto Vilaça e Sílvio Aranha (SP)
Local: Estádio Olímpico, Porto Alegre" (Zero Hora - 28 de setembro de 1998 - fonte: Grêmio VIP)
O Grêmio cumpriu sua tarefa. Ganhou de 2 a 1 do América (MG), ontem à tarde, no estádio Olímpico, chegou aos 20 pontos e já ocupa agora a 10a colocação no Brasileiro. Só não ficou entre os oito melhores, como previa, porque os resultados paralelos não foram de todo bons. Com a vitória, ficam de lado os problemas apresentados pelo time, especialmente no primeiro tempo. O gol do América, marcado por Milton, de cabeça, logo a dez minutos, provocou enorme irritação. Logo após, começaram as vaias, tão temidas pela diretoria. O melhor momento do time foi aos 40 minutos, em um chute de Rodrigo Mendes defendido pelo goleiro Gilberto.
Tudo mudou no segundo tempo. Clóvis deu lugar a Zé Afonso, e o contestado Fabinho, com um corte na cabeça, foi trocado por Gavião. Melhor ainda: aos cinco minutos, Irênio foi expulso. A pressão tornou-se irresistível para o América. Aos 29 minutos, Afonso ajeitou de cabeça e Abreu, que entrara no lugar de Rodrigo Mendes, empatou.
A virada chegaria aos 39 minutos. Roger cobrou escanteio, Gilberto afastou para fora da área e Itaqui acertou um belo chute.
Grêmio: Danrlei; Walmir, Rodrigo Costa, Éder e Roger; Fabinho (Gavião), Luiz Carlos Goiano, Ronaldo e Itaqui; Clóvis (Zé Afonso) e Rodrigo Mendes (Abreu).
América (MG): Gilberto; Evanílson, Júnior, Álvaro e Dutra; Gilberto, Dário (Fabrício), Dinho e Irênio; Milton (Rinaldo) e Sírio (Careca).
Árbitro: Paulo César de Oliveira (SP). Expulsões: Irênio e Abreu. Renda: R$ 97.660,00. Público: 8.490 pagantes no estádio Olímpico." (Correio do Povo - 28 de setembro de 1998)
A vitória por 2 a 1 sobre o América (MG) mereceu adjetivos fortes no vestiário do Grêmio. 'Foi épica, histórica', definiu o presidente Luiz Carlos Silveira Martins. 'Foi dramática, um verdadeiro teste para o nosso coração', afirmou Adalberto Preis, vice de futebol. Apesar da euforia, segue valendo a determinação do presidente: os jogadores devem seguir jogando com seriedade, 'pois não ganhamos nada ainda'. Cacalo concede aos gremistas, no máximo, sonhar com a classificação. 'O fantasma do rebaixamento, graças a Deus, já conseguimos afastar'.
O técnico Celso Roth justificou as dificuldades para uma nova vitória pela impossibilidade de repetir a mesma equipe nos jogos. A entrada de Zé Afonso e Abreu, que só ocorreu na segunda etapa, é conseqüência da falta de ritmo. 'Afonso não atuava há 20 dias e Abreu chegou a Porto Alegre após uma parada de quatro meses'. Evitando o entusiasmo com Carlos Gavião, cuja entrada no time no lugar de Fabinho de forma definitiva já é solicitada pelos torcedores, Roht lembra as circunstâncias da partida. 'Quando Gavião entrou, o América já tinha dez jogadores. Fabinho também teria a mesma liberdade que ele se prosseguisse no jogo'.
A diretoria do Grêmio cobrará do uruguaio Abreu a sua expulsão, quase no final da partida. 'Ele ficará fora do próximo jogo e esse é um prejuízo que não podemos sofrer', observa Cacalo. Ao mesmo tempo, o presidente elogiou o atacante por sua garra, 'como se fosse um verdadeiro gaúcho'.
Fabinho, com um corte na cabeça, deverá ficar fora da partida de amanhã, no Olímpico, contra o Vasco, pela Copa Mercosul. Zé alcino, com lesão muscular, disse ontem que não existe prazo para o seu retorno. O zagueiro paraguaio Rivarola deverá mesmo sofrer cirurgia no púbis. A diretoria assegurou que não está em busca de um novo zagueiro." (Correio do Povo - 28 de setembro de 1998)
3 comentários:
Também fui nesse jogo e me lembro dele. Foi um dos mais legais que fui ao Olímpico. Segundo tempo eletrizante mesmo. Golaço do Itaqui no final e DOIS torcedores do lado do América, sendo que um deles era atleticano.
Cada vez que eu levantar a gola ou ver alguem com ela erguida vou lembrar desse nome.
E só.
Lembro também desse jogo - assim como dos DOIS torcedores do América (um atleticano, como disse o Vicente). Foi quase surreal ver aqueles dois sozinhos comemorando o gol do América...
E depois, claro, viramos o jogo, o Loco Abreu marcou gol, foi expulso, e nunca mais fez nada pelo Grêmio.
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