segunda-feira, outubro 09, 2006

Domingos

Eu gostava do Domingos. Uma das explicações para sua sáida do Olímpico é que ele era considerado jogador talhado para 2ª divisão. Outra era que o Luxemburgo exigiu a volta dele para Santos. Resta saber se ele realmente tem 20 anos, o que eu acho bem brabo.

Neste fim de semana fiquei sabendo de duas historias sobre ele:

1)Ex-gremista, Domingos não comemora gol do Santos
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O zagueiro também explicou que não comemorou ao marcar o gol da vitória santista por respeito aos ex-companheiros - ele jogou no Grêmio no ano passado. "O pessoal lá é muito legal", desfazendo a suspeita de que estaria protestando contra Vanderlei Luxemburgo, que há muitos jogos não o escalava."

2)Quebrando o vestiario

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(...) Paulo Pelaipe e Patrício levaram um susto com o gemido que ouviram, bem atrás de uma porta. O som lembrava alguém ferido, talvez muito machucado. Em seguida, veio o grito:

- Ahahahahaaaaa!

Aí, um estrondo. Domingos havia acertado a porta de madeira do vestiário, uma das internas, com uma certeira voadora. A porta rachou bem no meio e o marco soltou. Empunhando o marco da porta com as duas mãos, como um tacape, Domingos começou a quebrar tudo que encontrava pela frente. Primeiro as pias, depois os espelhos, os bidês, os bancos, as torneiras, os canos e os chuveiros. Batia com o pedaço de pau e gritava:

- Estão nos roubando, estão nos roubando.

A destruição e a crise demoraram mais de um minuto. Então, Domingos se acalmou do estado de choque em que se encontrava e teve um acesso de choro no miúdo vestiário embaixo das arquibancadas. Lá em cima, milhares de pessoas pulavam e dançavam. O estádio sacudia. A classificação parecia certa, definida. No Mundão do Arruda, o Santa Cruz começava a volta olímpica, uma taça apareceu no meio dos jogadores e 60 mil pessoas, a três quilômetros dos Aflitos, exultavam:

- É campeão, é campeão.

Na marca do pênalti, Djalma Beltrami ainda tentava recuperar autoridade contestada e, em pensamento, fazia uma promessa: "Este jogo vai chegar ao fim, vai chegar ao fim". Mas logo falou aos que tentavam intimidá-lo:

- Vocês não perderam ainda. Têm que bater o pênalti.

Marcel começou a cavar um buraco na cal bem na frente do juiz. Usou o bico da chuteira como pá. Chutava e levantava leivas, terra e areia. O lateral Ademar foi finalmente escolhido para a cobrança. O goleiro Galatto ficou sabendo através de um repórter de uma rádio de Recife, que ainda disse:

- Olha, ele sempre bate cruzado.

Outro se aproximava e alertava.

- O Ademar bate forte no canto.

Pereira puxou Galatto e alertou:

- Não dá atenção. Eles querem te enlouquecer (...)

Foi um jogo tão dramático que já rendeu dezenas de páginas de jornais, grandes debates, dois DVDs (Inacreditável e A Batalha dos Aflitos) e, agora, será contado em livro. Anote: dia 30 de outubro, na Feira do Livro, o jornalista Luiz Zini Pires, de Zero Hora, autografa 71 Segundos, o jogo de uma vida (no trecho acima, com exclusividade, você já pode ter uma boa idéia do que vai ler), da L&PM, recuperando tudo o que ocorreu naquele 26 de novembro de 2005, em Recife, quando o Grêmio voltou para a Série A. Começa quando os jogadores deixam o hotel na Praia da Piedade e termina quando voltam ao vestiário. Zini ouviu personagens e deu texto final na paz de Ibiraquera, em Santa Catarina. "

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