terça-feira, janeiro 27, 2009

"A História dos Grenais"

Em sua coluna na Zero Hora do último domingo, David Coimbra confirmou uma "suspeita" que tinha sobre seu livro "A História dos Grenais":

"Salário: R$ 300 por mês
Uma época eu ganhava 300 reais por mês. Trezentinhos, já pensou? Estava escrevendo o livro sobre a história do Gre-Nal, e esse era o adiantamento mensal que a editora me repassava. A ideia era não viver só disso, tinha conseguido um bom frila fixo para complementar a renda, uma revista semanal de informação. Mas a revista entrou em crise, começou a atrasar os pagamentos e, de repente, lá estávamos só nós dois, eu e os 300.

Era uma maleza, isso que era. Uma vez fui entrevistar o Ortunho, o Ortunho morava perto do Planetário. Saí do IAPI, subi toda a lombona da Plínio, peguei a Carlos Gomes, desci a Carlos Gomes, desci, desci, desci, depois desci a Perimetral, desci, desci e cheguei à casa do Ortunho. Entrevistei o Ortunho durante umas duas horas, ele era muito simpático e sorridente. Depois, subi a Perimetral, subi, subi, entrei na Carlos Gomes e desci a Carlos Gomes e desci e desci e desci, até chegar à Plínio e aí desci toda a lombona da Plínio e cheguei ao IAPI.

A pé.

Fiz todo esse trajeto a pé! Não tinha dinheiro nem para a passagem do ônibus.

Maleza, maleza.

Mas sentia-me feliz. Sabe por quê? Por estar fazendo algo de que gostava, entrevistando antigos ídolos, escrevendo a história do futebol do Rio Grande do Sul, vasculhando o passado. Sempre quis contar a história dos Gre-Nais, divertia-me com esse trabalho. Ao começá-lo, fiz questão de me concentrar numa época em especial: a do supertime do Inter dos anos 70. Havia acompanhado muito de perto aquele time, guardava a lembrança vívida de inúmeros de seus jogos. Precisava começar por ali.

Foi o que fiz.

Entrevistei quase todos aqueles grandes jogadores, alguns mais de uma vez (David Coimbra - Zero Hora, 25/01/2009)"


Antes de mais nada é preciso dizer que o livro é ótimo. Grandes histórias, extensa pesquisa, revelações, coleção de causos já consagrados. A descrição da cidade de Porto Alegre e dos hábitos de seus cidadãos na época da gênese do clássico é interessantíssima.

Mas é preciso ser dito que, conforme o próprio autor confirma, o time do Internacional dos anos 70 (ou Internacional do Octacampeonato) recebeu atenção especial.

Mais atençao do que o Grêmio de Lara, Foguinho e Luiz Carvalho. Mais atenção do que o Rolo compressor, mais atençao do que o Grêmio dos 12 em 13.

Os anos 80, rico em histórias no clássico, passam praticamente batidos. Para se ter uma idéia, o Grenal das faixas de 1984 (link aqui também) sequer é citado no livro.

Tenho a primeira edição do livro, com a capa azul de cima, com uma "orelha" igualmente azul que traz o perfil de David Coimbra. A contracapa é vermelha com o perfil de Nico Noronha na "orelha". Salvo engano da minha memória, esta edição se encerra, cronologicamente, com a morte de Dener.

Recentemente o livro ganhou nova edição (capa abaixo), com uma atualização feita por Mário Marcos de Souza. Esta atualização é, na melhor das hipóteses, burocrática.

3 comentários:

San Tell d'Euskadi disse...

Centenário do Clássico Gre-Nal:
http://mundoesportivo-classicos-grenal.blogspot.com/

O centenário do clássico não pode passar em branco!

O BloGreNal quer celebrar os 100 anos do Clássico Gre-Nal!

Anônimo disse...

O livro é muito bom, mesmo, e acho que o destaque pros anos 70 (em detrimento das primeiras décadas) é pela óbvia falta de mais informações - além daquelas oficiais, ou já registradas.

Mas quanto a 80, concordo. Foi muito fraco. Acho (achismo puro) que o Noronha não conseguiu ter tanto despreendimento para falar do auge do Grêmio quanto o David teve para falar do Inter.

PS: http://www.minhascamisas.com.br/wordpress/2009/01/28/nova-camisa-do-gremio-3

André Kruse disse...

Concordo contigo, mas ao menos nas primeiras décadas isso foi compensado através da descrição de Porto Alegre na época.

Valeu pela dica, e antes que me perguntem, gostei das camisas, com algumas ressalvas.