terça-feira, maio 25, 2010

Privilégios?

A discussão sobre a arbitragem no Brasil invariavelmente se dá pelo uso de alguns clichês, de outros tantos chavões e de muita falácias, esbarrando em velhos ranços das partes envolvidas.

Assim, acho que é válido tentar trazer um olhar estrangeiro sobre essa questão. Fiz isso anteriormente, quando citei a teoria do jornalista italiano Mario Sconcerti (ex- editor do jornal "Corriere dello Sport") sobre a influência da mídia sobre os juízes.

Agora, tendo em vista os acontecimento recentes, acho pertinente transcrever trecho de uma matéria publicada em fevereiro pelo site alemão Spox.com, sobre o retorno dos astros brasileiros ao futebol nacional, a qual começa (numa tradução livre) assim:

"Novas estrelas graças ao boom da economia
Robinho, Ronaldo e cia: O foguete foi lançado
A volta de Robinho é só o ponto alto : O crescimento do Brasil como potência econômica proporciona novas estrelas ao times. Empresas milionárias disputam Ronaldo ou Adriano. Mesmo um craque argentino prefere mudar para o país vizinho do que ir à Europa."


A matéria segue citando as diversas causas que ajudam a explicar este fenômeno, e chega num ponto fundamental, explicado pelo jornalista Tim Vickery, correspondente no Brasil para a BBC e a para a revista World Soccer:

"As estrelas no Brasil são endeusadas. Tanto que Robinho nem precisa justificar suas faltas nos treinamentos e mesmo assim joga. As estrelas são tão protegidas pelos juízes, que o apito sempre soa a seu favor. As estrelas no Brasil tem mais privilégios do que na Europa. Tudo isso obviamente representa um grande papel para crianções como Robinho"

É no mínimo curioso, não?



14 comentários:

Gustavo disse...

Sobre arbitragem: sou TOTALMENTE a favor do uso de artifícios eletrônicos para o auxílio dos árbitros. Não apenas o uso do replay, que eventualmente pode tornar o processo um pouco lento, mas alguma forma de, eletronicamente, saber se o jogador está impedido ou não. Tenho certeza de que isso não seria difícil, com a tecnologia atual. Isso reduziria consideravelmente o PODER atual dos árbitros. Afinal, erros são humanos, mas o ideal é que não haja erros.

Pena que a FIFA seja tão conservadora em suas decisões e não cogite o uso das tecnologias para a melhoria da qualidade do futebol.

Rodolfo disse...

Não precisaria nem a opinião de alguém respeitado para perceber isso. Quando Robinho e CIA estão em campo são favorecidos sim. Talvez porque os árbitros achem que eles são muito superiores aos "defensores" e que se não conseguem passar é falta. Isso é erro. E é humano. Pode ser também que haja manipulação de má índole também.
Porém, concordo com o que o Gustavo disse. Os artifícios estão ai para ajudar. Um ocasional atrapalho ocorrerá (com muito menor intensidade do que segue), mas isso do mesmo jeito com que um juiz atrapalha um projeto, um jogo ou até uma temporada de um time por uma trapalhada sua dentro de campo, condicionada ou não.

Lourenço disse...

Teu post me convenceu: volta, Ronaldinho!

André Kruse disse...

Gustavo, a Fifa até cogita sim, chegou a testar bola com chip.

R, eu concordo com o teu ponto de vista.

Lourenço, se for por isto eu tiro o post.

martina disse...

eu acho complicada essa história de chip, câmera e cia. o árbitro tem que ser autoridade no jogo, e ter condições pra isso. investir nele e na sua formação, pra que ele tenha condições de apitar com competência, e sim, averiguar e punir quando houver má inteção, na minha opinião é bem mais proveitoso e bem mais saudável para o futebol do que submeter o árbitro a uma câmera ou um chip.

Lourenço disse...

Hehehe. Brincadeiras à parte, teu post é apenas uma crítica à arbitragem parcial ou tem um fundo de constatação/crítica por o Grêmio não ter uma "estrela"? Porque, não sei se foi tua intenção, mas eu quando li pensei nesses dois lados.

Alexandre Fragoso disse...

André, respeito muito a tua opinião e a dos outros leitores que postaram aqui. Só que acho que o problema maior é a nossa falta de time. Quando montamos grandes equipes passamos por cima dos adversários e até de possíveis favorecimentos. Nos times de 1981 a 1983, de 1995 a 1997 e no de 2001 não eramos prejudicados pela arbitagem também. A diferença é que tinhamos treinador e tima para vencer. Essa história de favorecimentos da arbitragem é muito delicada, começa nos diretores e se alastra pelos torcedores. Serve mais para acobertar e esconder a falta de qualidade da equipe.

Alexandre Fragoso disse...

Corrigindo: na sétima linha o correto é "nós eramos prejudicados também."

André Kruse disse...

Martina, concordo contigo nesse ponto. Investir na qualificação da abritragem seria bastante proveitoso. Mas acho que isso não exclui o uso de novas tecnologias (tipo spray para barreira, para ficar num exemplo singelo)

Lourenço, era uma crítica a arbitragem e a proteção que se dá as "estrelas". Acho isto um absurdo. Mas, assumindo que isto é assim, me incomoda que o Grêmio não saiba valorizar seus atletas.

Maninho, tu citou dois períodos interessantes. Vamos por partes.
-81/83: O Grêmio tinha uma baita time e foi vergonhosamente roubado dentro do olímpico na final do campeonato brasileiro de 1982.
-95/97 - O Grêmio tinha uma baita time e foi vergonhosamente roubado dentro do olímpico na semifinal da copa do brasil de 1996.

começa nos diretores e se alastra pelos torcedores.
Ainda usando esses dois times, os diretores daqueles períodos falavam muito mais da arbitragem do que os atuais mandatários

Prestes disse...

André, esse tipo de proteção é meio inconsciente até e é normal. O jogador de maior visibilidade acaba tendo maior respaldo do árbitro justamente por essa visibilidade que construiu e que deixa o juiz com mais medo de errar, porque sabe que os holofotes estarão voltados para o craque.

É óbvio que o melhor era uma arbitragem totallmente isenta, mas é impossível que o árbitro quando entre em campo, esqueça quem é quem.

Muitas vezes também é a personalidad forte do jogador que consegue influenciar a arbitragem. O Verón apitou em vários momentos nos confrontos recentes contra o Inter, seja lá qual fosse o juiz, não consegui ficar bravo com o árbitro. Fiquei mais querendo o Veron no meu time.

Prestes disse...

Noutros casos tb se dá o contrário.

O Dalessandro e o Kleber Cotovelo são jogadores que muitas vezes sofrem pela má fama.

Essa pré-disposição dos árbitros é errada evidentemente, mas não é nada de roubalheira, é um erro comum que acontece direto.

O próprio favorecimento aos times do eixo RJ-SP, ou à Dupla Grenal no Gauchão, vem muitas vezes desse instinto dos árbitros, do inconsciente.

Eduardo Doria disse...

O Carvalho fez um DVD e foi motivo de piadas...

André Kruse disse...

Prestes, sei que isto existe, mas acho um absurdo. E como se forma esse instinto dos árbitros? Daonde vem esse inconsciente? Segunda, na ESPN Brasil, comentava-se sobre a ultima expulsão do Kléber. O Juca Kfouri achou justa, e disse que se fosse o Fernandao era lance pra amarelo. No que prontamente o PVC considerou um absurdo (fazia tempo que nao concordava com ele)

Eduardo, foi motivo de piadas só depois do jogo. Antes todo mundo prestou atenção e muitos lhe deram razão

Prestes disse...

Vem da maior exposição na mídia (pro bem ou pro mal) de certos jogadores ou clubes.

Os árbitros deviam estar melhor preparados para não sentir essa pressão.

Talvez tivessem menos medo de errar se houvesse a profissionalização dos árbitros.