Uma matéria elogiável na Zero Hora de hoje. Uma matéria que já deveria ter sido escrita antes:
15 de novembro de 2007 | N° 15419
Justiça
Uma vez Flamengo, só privilégios
Nada indica que o paulista Rubens Approbato Machado, presidente do Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD), cancele dia 22 a suspensão de 120 dias aplicada a Eduardo Costa. Nem casse o efeito suspensivo concedido ao Flamengo que, após perder mando de jogo, agora enfrenta Atlético-PR, dia 25, com portões abertos.
- Cada caso é um caso. Cabe à Justiça julgar se quem entrou com o pedido de efeito suspensivo tem esse direito - argumenta Approbato, 74 anos, um torcedor do Corinthians.
O problema é que ele costuma ser irredutível quando se trata de casos envolvendo jogadores. Ontem, por exemplo, negou o pedido de efeito suspensivo do chileno Valdivia, do Palmeiras, condenado a cinco jogos por agressão a dois jogadores do Vasco. O flamenguista Obina, que havia levado 120 dias por ter dado um soco no zagueiro Índio, do Inter, teve a pena reduzida para cinco jogos porque o recurso foi julgado pelo presidente em exercício, Virgílio Val.
Quando se trata de abrandar a pena por uso de doping, Approbato se vale de critérios diferentes. Dodô, do Botafogo, escapou de ficar 120 dias sem jogar por uso de substância proibida. Marcão, do Inter, também pego no antidoping, cumpriu 62 dias fora dos gramados, até a pena ser convertida em cestas básicas.
Para conceder efeito suspensivo ao Flamengo, que perdera o mando devido à ação de sua torcida no jogo contra o Grêmio, Approbato invocou o Estatuto do Torcedor. Em despacho de cinco folhas, alegou que o clube carioca já vendera ingressos para o jogo contra o Atlético-PR.
- Examinei a matéria e tive base para entender que havia fumaça do bom direito, como se diz em linguagem jurídica - afirma Approbato, ex-presidente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB).
A decisão do tribunal indignou os dirigentes gremistas. Para o presidente Paulo Odone, fica caracterizado desequilíbrio técnico, já que o Flamengo concorre com Grêmio, Santos e Palmeiras na luta pela Libertadores. Cauteloso, Odone evita críticas mais fortes. Lembra que o assessor de futebol, Paulo Pelaipe, foi punido com 360 dias de suspensão por críticas a integrantes da 4ª Comissão Disciplinar.
- Se concedeu efeito suspensivo ao Flamengo, ele deveria fazer isso com todos.
Pedindo anonimato, advogados do Grêmio denunciaram que outros auditores, identificados como torcedores do Flamengo, sentaram-se na platéia durante o julgamento e constrangeram os colegas que analisavam o recurso a decidir em favor do clube carioca.
( luis.benfica@zerohora.com.br )
LUÍS HENRIQUE BENFICA
Justiça
Uma vez Flamengo, só privilégios
Nada indica que o paulista Rubens Approbato Machado, presidente do Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD), cancele dia 22 a suspensão de 120 dias aplicada a Eduardo Costa. Nem casse o efeito suspensivo concedido ao Flamengo que, após perder mando de jogo, agora enfrenta Atlético-PR, dia 25, com portões abertos.
- Cada caso é um caso. Cabe à Justiça julgar se quem entrou com o pedido de efeito suspensivo tem esse direito - argumenta Approbato, 74 anos, um torcedor do Corinthians.
O problema é que ele costuma ser irredutível quando se trata de casos envolvendo jogadores. Ontem, por exemplo, negou o pedido de efeito suspensivo do chileno Valdivia, do Palmeiras, condenado a cinco jogos por agressão a dois jogadores do Vasco. O flamenguista Obina, que havia levado 120 dias por ter dado um soco no zagueiro Índio, do Inter, teve a pena reduzida para cinco jogos porque o recurso foi julgado pelo presidente em exercício, Virgílio Val.
Quando se trata de abrandar a pena por uso de doping, Approbato se vale de critérios diferentes. Dodô, do Botafogo, escapou de ficar 120 dias sem jogar por uso de substância proibida. Marcão, do Inter, também pego no antidoping, cumpriu 62 dias fora dos gramados, até a pena ser convertida em cestas básicas.
Para conceder efeito suspensivo ao Flamengo, que perdera o mando devido à ação de sua torcida no jogo contra o Grêmio, Approbato invocou o Estatuto do Torcedor. Em despacho de cinco folhas, alegou que o clube carioca já vendera ingressos para o jogo contra o Atlético-PR.
- Examinei a matéria e tive base para entender que havia fumaça do bom direito, como se diz em linguagem jurídica - afirma Approbato, ex-presidente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB).
A decisão do tribunal indignou os dirigentes gremistas. Para o presidente Paulo Odone, fica caracterizado desequilíbrio técnico, já que o Flamengo concorre com Grêmio, Santos e Palmeiras na luta pela Libertadores. Cauteloso, Odone evita críticas mais fortes. Lembra que o assessor de futebol, Paulo Pelaipe, foi punido com 360 dias de suspensão por críticas a integrantes da 4ª Comissão Disciplinar.
- Se concedeu efeito suspensivo ao Flamengo, ele deveria fazer isso com todos.
Pedindo anonimato, advogados do Grêmio denunciaram que outros auditores, identificados como torcedores do Flamengo, sentaram-se na platéia durante o julgamento e constrangeram os colegas que analisavam o recurso a decidir em favor do clube carioca.
( luis.benfica@zerohora.com.br )
LUÍS HENRIQUE BENFICA
Não sei qual foi a repercussão da publicação de tal matéria. No Redação Sportv, os subservientes jornalistas cariocas trataram de minimizar (para não dizer ignorar) com argumentos que não valem ser repetidos de tão idiotas que eram. Por outro lado, achei um texto muito interessante abordando a matéria, no bom blog Perspectiva. Aqui transcrevo apenas um trecho (o texto inteiro está no link):
"Vivemos tempos nebulosos, de fato. Tão nebulosos que ocorrem coisas como as relatadas no final da matéria de ZH. Advogados do Grêmio confidenciaram ao repórter terem assistido auditores do tribunal pressionando para que o Flamengo não fosse punido. Causa preocupação, além do absurdo de julgadores tentarem influenciar sem pudor a outros julgadores, o receio manifesto dos advogados do clube gaúcho em expor seus nomes ao revelarem o fato. Que tipo de punição estaria reservada para um advogado que relatasse, de peito aberto, ter visto uma irregularidade? Em um tribunal normal, sujeito às regras comuns da democracia e da liberdade, nada aconteceria: é tarefa de um homem das leis zelar pelo bom cumprimento delas. Em um tribunal de exceção, no entanto, tudo é possível."
"Vivemos tempos nebulosos, de fato. Tão nebulosos que ocorrem coisas como as relatadas no final da matéria de ZH. Advogados do Grêmio confidenciaram ao repórter terem assistido auditores do tribunal pressionando para que o Flamengo não fosse punido. Causa preocupação, além do absurdo de julgadores tentarem influenciar sem pudor a outros julgadores, o receio manifesto dos advogados do clube gaúcho em expor seus nomes ao revelarem o fato. Que tipo de punição estaria reservada para um advogado que relatasse, de peito aberto, ter visto uma irregularidade? Em um tribunal normal, sujeito às regras comuns da democracia e da liberdade, nada aconteceria: é tarefa de um homem das leis zelar pelo bom cumprimento delas. Em um tribunal de exceção, no entanto, tudo é possível."
2 comentários:
Aê, amigo, vai chorar na cama que é lugar quente... Como bom gremista, teria totais razões para concordar contigo, isso se não estivesse sendo bairrista como estás a ser. Sabemos não é de hoje quem é Eduardo Costa e suas presepadas, conhecemos a "cordialidade" de Gavillán desde a seleção paraguaia e Pelaipe é um oportunista que vive apenas a sugar dinheiro do Grêmio. Vamos parar com nossa hipocrisia: se o Grêmio está se sentindo prejudicado, deveria ter conseguido meios de classificar-se sem depender de punições a uns e outros; se o Flamengo jogou rojões e copos, jogou também mais bola que nós, não é mesmo? Acho que reconhecer isso às vezes não faz mal algum...
O fato de o flamengo ter jogado mais bola que nós não autoriza ninguem a cometer injustiças.
essa "regra" imbecil de quem esta perdendo, quem esta jogando mal, nao pode reclamar não faz o menor sentido.
se tu ter uma olhadinha nos posts sobre os jogos tu vai constatar que eu reconheço sim que o Grêmio tá jogando mal. Só não entendo o que isso tem a ver com os despropósitos vindos do STJD.
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