terça-feira, outubro 02, 2007

Ainda eleições

Já falei isso aqui, e acho que não estou sozinho quando digo que fiquei decepcionado com o baixo número de votantes na eleição:3067. Pra quem não sabe 150 vagas no conselho estavam em jogo. Numa matemática ligeira se concluiu que para cada vaga no conselho eram necessários 20 votos. Isso sem considerar os suplentes e sem descartar os votos que foram "perdidos".

É óbvio que a eleição proporcional é um avanço, mas um avanço em algo que estava e ainda está muito atrasado. Nunca ouvi nenhuma explicação razoavel para cláusula de barreira na eleição do conselho. Se fala, isso sim, em reduzir ela de 30% para 20% (ou 15%). Agora, o que justifica a existência dessa cláusula? Vejamos o caso dessa última eleição, a chapa 2 fez quase 10% dos votos, me parece razoavel que ela levasse 10% das vagas no conselho. Mas isso não acontece. A existência desse tipo de barreira força a criação de um "chapão", força os conchavos, acordos e composições entre pessoas e grupos muito heterodoxos. Uma vez eleito o conselheiro terá pouca liberdade, estará muito preso ao grupo em que se elegeu. Creio eu que em grupos menores é mais fácil o associdado se ver representado no conselho. Nessa eleição eram apenas 3 chapas que tinham vários nomes em comum.

Não sei há alguma relação com isso, mas o nunca vi tantos grupos numa eleição do Grêmio. Para ser mais sincero não sabia da existência de mais da metade deles. Ao todo consegui listar Grêmio Novo, Grêmio Imortal, Grêmio Independente, Grêmio Unido, Grêmio Sempre, Núcleo das Mulheres Gremistas, Grêmio Menino Deus, Geral do Grêmio, SOS Grêmio, Escolinhas, Consulados. Mais de 10 grupos para apenas 3 chapas e pouco mais de 3000 votantes. No caso a frase " Muito cacique para pouco índio" muda para "Muita TRIBO para pouco índio".

Usando informações de panfletos e sites, fiz um levantamento rápido para tentar descobrir quantos conselheiros cada movimento fez. aí vai:

- Grêmio Independente: 19 conselheiros
- Grêmio Novo: 18 conselheiros
- Grêmio Imortal: 14 conselheiros
- Grêmio Sempre: 9 conselheiros
- Consulados: 9 conselheiros
- Grêmio Menino Deus: 5 conselheiros
- Escolinha: 5 conselheiros
- Grêmio Unido: 3 conselheiros
- Núcleo das Mulheres Gremistas: 2 conselheiros
- Geral do Grêmio: 2 conselheiros

26 comentários:

Anônimo disse...

Muitos desses grupos, como o Menino Deus, surgiram apenas neste ano de eleição.

Respeito mais o Grêmio Novo, que existe desde 2000.

Gostemos ou não, a galera do MGN está sempre panfleteando nos portões 1 e 5, mesmo em ano que não tem eleição.

Abraço.

Anônimo disse...

André, dá uma pesquisada nas atas do CD e descobre quem eram os defensores de uma cláusula de barreira tão alta.

Os defensores dessa cláusula de anti-democracia ou ficaram de fora (turma do Fachin-chapa 2), ou quase não conseguiram, vencendo o limite por apenas NOVE votos (turma do André Krieger-chapa 3).

Tchê, dá uma pesquisada, tu és bom nisso. É um assunto de UTILIDADE PÚBLICA GREMISTA. Por mim, a cláusula de barreira seria de 5%, como na política partidária.

André Kruse disse...

não sei se eu posso pesquisar essas atas.

pro meu gosto não deveria existir nenhuma clausula de barreira.

Anônimo disse...

André. Mais uma vez muito útil o levantamento que fizeste. Creio que é o primeiro que indica o número de conselheiros feito por grupo. Eu não conheço nenhum outro levantamento dessa natureza. Como tudo isso é muito novo no Grêmio essas análises serão extremamente úteis para o futuro. Parabéns! Obs. o nosso blog é muito anterior a grupo político semi-homônimo.

San Tell d'Euskadi disse...

O número está dentro do esperado. Os vermelhos tiveram algo em torno de 3500 votantes. A tendência é aumentar.

Para presidente, pode ter certeza que crescerá.

San Tell d'Euskadi disse...

A cláusula tinha que ser de 15%. A para presidente nem precisa mexer.

André Kruse disse...

eu discordo , acho que em nenhuma das duas tem que ter cláusula.

Gostaria que alguem me explicasse qual a razão da cláusula na eleição do conselho e para presidente.

o máximo que já ouvi foi que a para presidente visa impedir que "um aventureiro" se lance candidato.

Unknown disse...

No primeiro caso, é para garantir representatividade relevante. Não é para qualquer um garantir cadeira no Conselho porque tem meia dúzia de amigos.

No segundo caso, é para que o presidente tenha o aval do Conselho. Dentro dos dois ou três que passarem pelo primeiro turno, se pode escolher. Qualquer um, teoricamente, será bom para o Grêmio.

André Kruse disse...

Mas o que uma pessoa com meia duzia de amigos poderia fazer no conselho?

é bem mais fácil ele representar esses seus amigos no conselho. uma relação bem mais próxima.

caso contrário, o sujeito tem que torcer para ser apadrinhado por um lider de uma grande grupo, e aí se submeter a vontade e principalmente votar junto com o grupao, o voto de cabresto.

Eleição para presidente deveria ser direta. pelo art.55 do código civil deveria ser assim. Se vendeu a ideia de que o conselho apenas "fiscalizaria" e "aprovaria" as candidaturas. Na prática, o 1 turno da eleição ocorre dentro do conselho, sem a participação do associado

San Tell d'Euskadi disse...

Sem barreira e 1º turno no Conselho:

a) Meia dúzia de amigos = cadeira no conselho.
b) Cadeira no Conselho = candidatura a presidência.

Assim, um arrivista simpático aparece e toma conta do clube.

Tchê, estamos falando do Grêmio!

André Kruse disse...

Só esqueceu uma coisa, o arrivista simpático tem ganhar eleição nos sócios. Ou seja, seria a vontade dos sócios que esse arrivista ganhasse.

Na época da reforma do estatuto se vendeu ideía de que não seria eleição no conselho, e sim uma espécie de avaliação pelo conselho. Assim o candidato teria que ter 30% de apoio de conselheiros, sendo que cada conselheiro poderia tar "aval" para mais de uma candidatura.

Na prática não é essa finalidade da clausula de barreira. Na ultima eleição o Antonio Vicente Martins ficou de fora, e até onde eu sei ele não é arrivista.

Na verdade esses mecanismos visam uma "perpetuação" das mesmas pessoas no comando do clube

Anônimo disse...

Minha tendência é de concordar com o André: o que vale é a democracia. Se o conjunto dos associados eventualmente vier a escolher um 'aventureiro', terá sido uma decisão democrática da maioria. Outras considerações terão sempre caráter elitista, como se o 'eleitor' gremista precisasse ser protegido, necessitasse tutelado como se fosse um incapaz.

Aliás, a 1ª eleição proporcional pôs em marcha uma lógica implacável de democratização. Novos movimentos surgirão, alguns deles radicais. Quem não souber modular o discurso e acompanhar essa onda democrática será atropelado. Até mesmo a garotada do MGN, que respeito demais, terá de estar atenta, ou serão ultrapassados por movimentos mais democráticos, mais jovens e mais dinâmicos.

San Tell d'Euskadi disse...

O problema é que nem sempre a decisão da maioria é a melhor. Com as cláusulas de barreira baliza-se as opções dadas à maioria. Há uma maior chance de acerto.

Se torcedor mandasse mesmo, o Mano teria sido escurraçado depois do jogo contra o Anapolina...

Nós não queremos que valha só a vontade da maioria. Nós queremos que o Grêmio vença.

André Kruse disse...

Isso que tu acabou de defender é altamente anti-democratico. Por mais gremistas que nos sejamos, alguns valores ainda devem vir na frente.

O universo dos associados do Grêmio mudou muito ultimamente, tá na hora de parar de tratar o sócio "comum" como incapaz

San Tell d'Euskadi disse...

Eu não estou tratando como incapaz. Só não sou da tese "roussauniana" da "vontade geral". Acho democracia importante, mas ela é ferramenta; jamais, valor.

A participação do associado é ótima, principalmente como fiscalizador. Contudo, sempre se deve ter em mente que futebol é algo muito difícil para se deixar ao sabor das paixões.

Prefiro que haja um acesso gradual do associado às instâncias do clube. Se era ruim o fato do Grêmio ser uma entidade fechada, uma abertura total seria inconseqüente. Com a barreira, o associado é obrigado a participar, primeiro, de forma indireta. Depois, ingressa em setores da administração do clube, onde ele é preparado para a entrada no Conselho; depois, por fim, é preparado, caso queira e tenha talento, para administrar o clube.

André, o Grêmio sempre caminhou um passo por vez. Deu certo...

André Kruse disse...

Mas será que o próximo vai ser dado?

O que seria essa preparação para entrada no conselho? Quem que é preparado?

San Tell d'Euskadi disse...

Quem se interessa. Quem vai ao clube participar. Quem se insere na vida do clube.

O próximo passo é a redução da cláusula de barreira (creio que o ideal é 15%) para aumentar a oxigenação do Conselho; os demais ainda estão em aberto.

Um abraço.

André Kruse disse...

Gostaria de compartilhar dessa tua visão otimista

Anônimo disse...

Eu também gostaria de ser tão otimista...

Mais: a democracia para mim é um "valor universal" (Carlos Nelson Coutinho), não mera ferramenta.

Entretanto, o simples fato de estarmos discutindo o assunto já é algo inédito na história política do Grêmio. É a tal "lógica democratizante", que uma vez posta em marcha, não se interromperá.

O Sanchotene é um gremistão bom e dedicado, e, além disso, um sujeito culto. Por isso, pergunto a ele quais os fatos da história do Grêmio que justificariam CONCRETAMENTE essa desconfiança com a "massa"?

Saudações tricolores.

San Tell d'Euskadi disse...

Vigilante,

Aceito os elogios e os devolveria em mesmo grau, caso soubesse quem se encontra por trás do apelido.

Eu democraticamente discordo da idéia de democracia como valor. Eu entendo que se trata de uma, entre tantas, ferramenta para tomada de decisões. Existem situações em que ela não deve ser aplicada como, por exemplo, numa família, num navio ou nas FF.AA. (só funcionam com hierarquia e disciplina).

A minha desconfiança da "massa" é exatamente o fato de ela não ter forma, rosto, nome. Prefiro a individualidade.

Em muitos casos, prefiro a decisão de UM especialista a de uma maioria leiga. E o futebol é um desses casos.

Vê bem. Acho importante essa democratização no Grêmio, mas acho que devem existir limites. Quais?! Faço a menor idéia. Só com o tempo e experiência saberemos.

Um abraço.

André Kruse disse...

A identidade do Gremista Vigilante é um mistério para mim também. Imagino que seja a mesma pessoa que postava no guestbook do geraldogremio.com.br. Pelo que já escreveu aqui e pelo o que provavelmente escreveu lá merece meu respeito.

Sanchotene também merece todo meu respeito. Considero válido esse teu posicionamento, mas nesse caso minhas ideias fecham mais com a do Gremista vigilante.

Anônimo disse...

Obrigado, Kruse. Na verdade, sou outro cara, embora conheça pessoalmente meu [ex]homônimo de internet, por uma dessas coincidências da vida.

Sou um pouco mais velho que vocês, graduado em direito pela mesma casa onde hoje o Sanchotene cursa mestrado. No Grêmio, apenas um torcedor da Social e admirador da Geral [descontados os eventuais excessos].

Por que o nick e o anonimato?

1º. Pela possibilidade de dar livre curso a uma devoção anônima pelo Grêmio. Muitas idéias boas estão surgindo na cyberesfera, e a possibilidade de contribuir anonimamente para o aperfeiçoamento do clube é tentadora.

2º. Para rechaçar com veemência os argumentos falaciosos e os inimigos [não os adversários] do tricolor. O Sanchotene sabe que minha 'bête noire' é o tal Luis Felipe, que escreve no Finalsports. O sujeito representa o que há de mais podre na crônica: com um tom pretensamente neutro [parcialidade disfarçada de objetividade], o cidadão tenta reiteradamente incutir no leitor a idéia de que a Geral é violenta, que os cânticos são racistas, etc. Essa técnica de 'colar etiquetas' eu conheço bem, acreditem-me. Enquanto isso, Luis Felipe fica escrevendo textos laudatórios sobre a 'Guarda Popular' [até o nome tem ressonâncias bélicas e fascistas], esquecendo que o tal 'Hierro' [é isso?] considera-se um 'líder revolucionário' [sic], carrega bandeiras do MST, foi preso com bombas, etc. O que vale para Geral não vale para a Popular. Estou e estarei sempre 'vigilante' e atento a essa duplicidade de posturas e valores.

Voltando ao debate: entendo a posição do Sanchotene e a preocupação com a gestão eficiente. Creio, aliás, que o desafio dos clubes é atender bem à dupla vertente - ser gerido com eficiência [como uma empresa] e ter participação amplamente democrática [como um clube de massas].

Como resolver essa antinomia aparente? O primeiro passo, penso eu, é encurtar o 'gap' que existe entre a torcida e o Conselho Deliberativo. Há muita distância entre a base e a representação [o fato de o conselheiro ter direito 'biônico' a uma cadeira também não ajuda...]. Esse, a meu ver, será o papel histórico dos movimentos políticos gremistas [MGN, MGI, GI, GU e outros tantos].

Outra possibilidade seria a criação de corpos intermediários ou paralelos para a participação dos sócios. Em cada uma das diversas áreas [marketing, patrimônio, finanças, etc.], ao lado do gestor profissional [ou seja, do executivo vinculado ao cumprimento de metas], haveria um 'board' não-remunerado de sócios, para aconselhamento [não-vinculante] do gestor.

Essa seria uma forma de engajar o sócio nos assuntos internos do Grêmio, 'treinando-o' para uma participação maior no futuro. Além disso, haveria a possibilidade de abrir-se um processo democrático de escolha desses fóruns de aconselhamento, escapando-se ao estreito gargalo da necessária participação no Conselho Deliberativo.

Em suma: se hoje existem - na prática - duas categorias de sócios [os conselheiros e o resto], no futuro poderíamos ter várias formas de participação efetiva dos associados, expandindo o leque democrático de opções. Posso eventualmente não querer ser conselheiro [ou não querer entrar na briga de foice para que isso aconteça], mas posso querer 'dar meu palpite' nas áreas A, B ou C do clube.

Falta apenas criar estruturas para incrementar a participação democrática dos sócios, sem interferir na progressiva racionalização e profissionalização da gestão.

Saudações tricolores,

Gremista Vigilante
imortalgremio@yahoo.com

Anônimo disse...

Porra, nem sei se o Sanchotene está fazendo mestrado. Toquei de ouvido. Abraços.

San Tell d'Euskadi disse...

Ainda não curso. Participo do processo de seleção.

Muito boa a idéia dos grupos de participação. Acho que deverias encaminhá-la ao clube.

Anônimo disse...

SÓCIO GREMISTA: por uma maior valorização dos sócios, apóie a redução do percentual de 30% para 20% de votos necessários nas eleições presidenciais e do Conselho para que uma chapa passe do 1º turno - onde as as eleições ocorrem apenas no Conselho - para o 2º turno, onde os SÓCIOS do clube decidem quem será eleito Presidente do Imortal. Por um Grêmio PARA e PELOS SÓCIOS, assine em - http://www.abaixoassinado.org/abaixoassinados/1178

Anônimo disse...

SÓCIO GREMISTA: por uma maior valorização dos sócios, apóie a redução do percentual de 30% para 20% de votos necessários nas eleições presidenciais e do Conselho para que uma chapa passe do 1º turno - onde as as eleições ocorrem apenas no Conselho - para o 2º turno, onde os SÓCIOS do clube decidem quem será eleito Presidente do Imortal. Por um Grêmio PARA e PELOS SÓCIOS, assine em - http://www.abaixoassinado.org/abaixoassinados/1178