terça-feira, maio 05, 2009

Caminho do Grêmio



Muito se repetiu a ladainha (ou falácia) de que o Grêmio pegou um grupo fácil na primeira fase da Libertadores.

O discurso já está se repetindo no início das oitavas. O que se fala é algo do tipo "Grêmio já está nas semifinais".

Dessa vez os "detratores tricolores" tem alguma (ou pouca) razão. Mesmo assim é preciso fazer alguma ressalvas.

Não dá pra confundir tradição (camiseta, história, etc..) com momento (futebol apresentado).

Não é preciso fazer grandes pesquisas pra se perceber que o Grêmio tem muita mais camiseta do que San Martín, Caracas e Cuenca. Por isso seria o favorito para avançar nas oitavas e nas quartas.

Uma outra questão é o futebol apresentado na competição. O Grêmio, nós sabemos, vem bem. Já o desempenho de San Martín, Caracas e Cuenca é mais difícil falar, a imensa maioria das pessoas não viu estes times jogando (eu vi pedaços dos jogos dos peruanos contra o River). Provavelmente, são equipes fracas, mas o San Martín deixou o River de fora, o Cuenca venceu o temido Boca Juniors, e o Caracas foi líder do seu grupo, ficando na frente de Chivas e Lanús.

Dito isto tudo, eu afirmo que sim, o Grêmio é amplo favorito e tem sim um caminho mais fácil até as semifinais.

Mas aí também é preciso fazer algumas lembranças.

Primeiro, o Grêmio "ganhou" esse "benefício" dentro de campo. Tendo a melhor campanha, melhor ataque e melhor defesa da primeira fase da competição. São Paulo, Boca, Nacional tinham todas as condições de fazer campanha igual e não conseguiram.

Segundo, e principal ponto deste post, ser favorito e ter um caminho "fácil" não é garantia de nada na Libertadores. Vários são os exemplos.

Em 1981 o Cobreloa tinha apenas 4 de existência, e foi até a final da competição, só sendo derrotada no terceiro jogo pelo Flamengo.

Em 1997 o Grêmio era amplo favorito contra o Guaraní do Paraguai, e se classificou com as calças na mão (gol nos descontos e vitória nos pênaltis).

Em 2003 o Grêmio também era favorito, mas foi surpreendido pelo Indenpediente Medellín na quartas de final.

Em 2004 o Once Caldas surpreendeu o mundo e venceu a Libertadores, superando São Paulo, Santos e Boca Jrs.

Em 2007 o Santos foi a melhor equipe da primeira fase, teve um caminho tranquilo nas oitavas e nas quartas, mas levou um baile no primeiro jogo da semifinal (Contra uma equipe que cresceu durante a competição) e acabou ficando de fora.

Em 2008, no início das oitavas, quem apostaria na LDU?

Ser favorito e ter um caminho fácil, ainda que sejam condições conquistadas dentro de campo, não são garantias de classificação antecipada.

Nisso aí a postura de respeito em relação ao adversário dos atletas do Grêmio e o pensamento jogo a jogo de Rospide são decisões acertadas. Por mais banais que sejam.

Como diz o ditado "Canja de galinha e cautela não faz mal a ninguém".




15 comentários:

Sancho disse...

Estamos em sintonia. Escrevi no Impedimento, sem te ler:

"O San Martín eliminou o River. O Cuenca venceu o Boca. O Caracas foi primeiro no grupo das Chivas. Dito isso, o Grêmio tem obrigação de chegar às semis, sob pena de vexame. Não que não haja dificuldade, não são páreos corridos (nunca é), mas nós somos melhores que eles. Ponto."

Um abraço.

Lourenço disse...

André, muitas vezes entendo a linha de teu texto e até concordo com ela, mas algumas coisas acabam te traindo, na minha opinião.

Não é uma falácia que o grupo do Grêmio era fácil. O grupo era fácil mesmo: nenhum grande adversário, e tinha um saco de pancadas. Só o grupo do Boca não era mais difícil que o nosso. Cruzeiro tinha Estudiantes. São Paulo não tinha Aurora. E eu nem considero o Defensor um grande time, mas acharia melhor pegar La U nas oitavas do que o time uruguaio, por exemplo. O Grêmio foi bem, pegou um grupo fácil e ganhou os jogos. Perfeito. Mas que o grupo era fácil, era.

Que pode haver zebra, claro que pode. Mas justamente por ser uma zebra qualquer resultado que não Grêmio nas semifinais que se fala tanto no favoritismo gremista e na facilidade da tabela. Cabe aos jogadores não transformar no oba-oba, mas todos os gremistas já estão empolgados. Isso nem sempre é ruim.

Por fim, o Cuenca ganhou do Boca. Foi o único jogo que eu vi do Cuenca. Não sou um expert sobre o Cuenca, admito. Mas esse jogo que está sendo usado como referência é enganoso: o Boca foi com time reserva (porque quis, mas isso é importante na hora de avaliar o desempenho do Cuenca) e o Cuenca mostrou ser um time muito fraco, realmente sem condição de se impor diante do Grêmio em quartas-de-final.

André Kruse disse...

Talvez esteja mal colocado. A falácia é a de que o Grêmio pegou um grupo fácil, quando todos pegaram grupos faceis (Sport é uma exceção).

America de Cali era o saco de pancadas do grupo do São Paulo.

Abbondanzieri, ibarra, morel rodriguez, battaglia, Vargas, Palermo e Palacio jogaram contra o Cuenca.

Francisco Luz disse...

Como Colorado, minha esperança é o Cuenca. Gostei do que vi do time na partida da pré-Libertadores, quando eliminaram um time venezuelano jogando um futebol bastante combativo, daqueles bem chatos, mesmo.

O Caracas eu não vi atuar, mas também tem atuado bem. Os dois times me parecem bem mais habilitados para tentar algo do que o San Martín, que não me agradou em nenhum dos três jogos que eu vi - o melhor foi o primeiro, contra o Nacional.

Vicente Fonseca disse...

O grupo do Grêmio era o mais fácil, ao lado do grupo do Boca. Só discordo que tenha sido tão absurdamente mais fácil que os outros, à exceção do de Sport e Palmeiras.

O que me agradou foi isso que tu colocou no Twitter. Adidas fazendo o uniforme do Grêmio é algo que eu gostaria muito de ver. Pra mim, fizeram disparado os uniformes mais bonitos da Copa de 2006.

Sancho disse...

Meu irmão é aluno do publicitário-chefe da Olympikus. Parece que a Puma bailará após a Libertadores, para dar lugar à "marca das três argolas". As 3 listras ficarão para uma próxima oportunidade...

Sancho disse...

Claro, o negócio não fechou ainda. Quando fechar, todos ficaremos sabendo. Só frisei que o pessoal da Vulcabrás está animado com o andamento das negociações.

Vicente Fonseca disse...

Não conheço camisetas da Olympikus no futebol. Ou não lembro, ao menos. Aguardemos, então.

Lembrando que a Adidas fabricava nosso uniforme no glorioso 1983.

André Kruse disse...

San Martín, que não me agradou em nenhum dos três jogos que eu viJá viu bem mais do que a grande maioria dos comentaristas.

Eu linkei este dois boatos, da adidas e da olympikus, do blog do jeremias wernek, que é reporter da Guaíba.

Eu gosto da adidas, mas tem usado muito a padronização das camisas. A Nike largou isso um pouco de mão e tem apostado em modelos mais exclusivos, respeitando as tradições dos times.

Só lembro da Olympikus na década de 80, mas acho que fez um trabalho na seleção de volei e no COB .

luís felipe disse...

http://gremio1983.blogspot.com/2006/07/tradio.html

Os reporteres enviados a assunção, se depararam com esse quadro na sede da Conmebol, nele estão todos os campeões da américa. Nele há presença notaveis: o hepta independiente, os pentas Boca Juniors e Penãrol, o Tri Olimpia, os Bi Grêmio , Santos e Cruzeiro.

Por uma incrivel que pareça, nenhum desse grandes clubes estão na libertadores de 2006. Talvez esteja aí a razão para a falta de brilho. Faltam equipes de tradição. River bem que tentou, Estudiantes resgatou um pouquinho da sua história ajudando a competição. São Paulo não empolga, nem de longe lembra o time de Telê.

Tendo isso em vista, talvez fique mais fácil de intender o "sucesso" e o avanço de equipes sem tradição na Libertadores. essas equipes simplesmente não encontram um cachorro grande pela frente. aí fica bem mais fácil.

Pode até parecer inveja. Talvez seja, mas o fato é que estou com saudade da libertadores de "verdade", libertadores com times de tradição, time de "grife", Libertadores com Grêmio, Boca, Penãrol Santos, Olimpia, Independiente, Cruzeiro

André Kruse disse...

http://gremio1983.blogspot.com/2009/05/caminho-do-gremio.html
Dessa vez os "detratores tricolores" tem alguma (ou pouca) razão. Mesmo assim é preciso fazer alguma ressalvas.

Não dá pra confundir tradição (camiseta, história, etc..) com momento (futebol apresentado).

Não é preciso fazer grandes pesquisas pra se perceber que o Grêmio tem muita mais camiseta do que San Martín, Caracas e Cuenca. Por isso seria o favorito para avançar nas oitavas e nas quartas.

Andreas disse...

Sim, agora os gremistas querem relativizar a ideia, consensual, de que o grupo do Grêmio na primeira fase dessa Libertadores foi ridiculamente fácil.

"Sim, pegamos o Íbis, mas veja vem, futebol é momento, podem acontecer zebras, o juiz pode ser injusto, etc".

Sim, só falta dizer que pode cair um meteoro no gramado, interrompendo a partida bem na hora em que o Grêmio faria um gol copeiro e peleador no último segundo de jogo contra o Náutico dos Andes.

Futebol é momento? Pois sim: tu poderia publicar apenas esta simples e indubitábel verdade em vez de ficar buscando caminhos tão complexos e tortuosos só para falar dos teus ressentimentos não-declarados.

Abraço.

André Kruse disse...

Consenso aonde? em washington?

O Grupo do Boca não foi "ridiculamente" fácil? e o do São Paulo?

Por falar em caminhos complexos e tortuosos para falar de ressentimentos (estes declarados):

http://www.finalsports.com.br/colunas_dupla/inter.php?pagina=21
A verdade é que o Inter está, sim, tendo participação decisiva na Libertadores 2009. http://www.finalsports.com.br/colunas_dupla/col/headline_inter.php?n_id=1398&u=1\
um simples torneio de verão em Dubai acaba tendo repercussão inédita – comparável, talvez, à do Mundial que o próprio Grêmio conquistou em 1983. Não há como negar: as conquistas, hoje, valem mais do que as do século passado.

Andreas disse...

O primeiro é uma ironia que talvez o teu cérebro tricolor não tenha capacidade de processar.

O segundo é um FATO. Se isso (repercussão de Dubai na mídia > repercussão do Mundial de 1983 na mídia) te incomoda, paciência. Escreve um texto a respeito, quem sabe passa.

Andreas disse...

Sobre os grupos de Boca e SPFC: sim, foram ridiculamente fáceis. O que me impressiona é essa ideia muito difundida entre os a turba geraldina de que o grupo do Grêmio, por uma série de questões metafísicas e macrocósmicas, não foi tão fácil assim.