domingo, maio 17, 2009

Libertadores - Grêmio precisa estar atento



A 50ª edição da Copa Libertadores está bastante bagunçada. Reclamei disso antes mesmo de o Grêmio estrear na competição.

Por mais que a bagunça ainda não tenha prejudicado o Grêmio diretamente, a direção tricolor precisa estar bem atenta, sob o risco de ser passada para trás nos bastidores.

São Paulo e Nacional avançaram para as quartas-de-final, sem ter que enfrentar as equipes mexicanas. O caso não era simples, mas a demora e a decisão tomada pela Conmebol foram inaceitáveis. No Twitter já tinha dito que Paulo Calçade fez o comentário definitivo sobre o caso.

O tricolor do Morumbi fez o seu lobby através de gente graúda, como o ministro do esporte, o presidente da CBF e o Presidente da FPF:

"Os intermediários
Para fazer valer seu desejo de não jogar no México pela Libertadores, o São Paulo teve a ajuda da CBF e da federação paulista. O presidente são-paulino, Juvenal Juvêncio, telefonou para o presidente da CBF, Ricardo Teixeira. Ele e o presidente em exercício da FPF, Reinaldo Carneiro Bastos, fizeram a articulação com a Conmebol. O episódio culminou até com discussão ríspida entre Teixeira e Julio Grondona, da federação argentina, que fez lobby pelos jogos no México por causa da Fox Sports, patrocinadora do torneio." (Coluna Painel FC - Ricardo Perrone, Folha de São Paulo, sexta-feira, 15 de maio de 2009)

Sequer cogito a possibilidade de o presidente da nossa federação estadual nos ajudar de alguma forma, mas será que Ricardo Teixeira e Orlando Silva "defenderão os interesses" do Grêmio na competição caso isto se faça necessário?

Mas não é só o São Paulo que trabalha forte nos bastidores da Conmebol:

"Boca grande. Foi a falta de discrição do Palmeiras que evitou que o plano do clube de jogar contra o Sport amanhã, e não hoje, se concretizasse. Após acertar a alteração com a Globo, a Traffic e a Conmebol, cartolas pediram sigilo em relação à mudança para não melindrar o Sport. Queriam também fazer acordo com os pernambucanos e divulgar que a mudança fora um censo comum. O pedido não foi atendido, e palmeirenses começaram a anunciar vitória nos bastidores. O Sport, para não ficar por baixo, foi à Conmebol.

Telinha. A Globo pediu a alteração pois planejava transmitir o jogo palmeirense para São Paulo e Corinthians x Fluminense para o resto da rede. Com a reclamação do Sport de que a mudança feria o Estatuto do Torcedor, preferiu se abster da discussão

Apito.... Mais uma vez, nos bastidores, Palmeiras e Sport lançam dúvidas sobre o árbitro da partida. O time paulista alega que o chileno Carlos Chandía é caseiro. Em seus seis jogos no torneio, o time da casa ganhou cinco, e por mais de dois gols.

...amigo. Os pernambucanos, por sua vez, reclamam de que o clube rival tem forte influência na Conmebol por conta de sua parceira, a Traffic, e que já recebeu a informação de que o Palmeiras não terá problemas com os juízes." (Coluna Painel FC - Ricardo Perrone, Folha de São Paulo, terça-feira, 12 de maio de 2009)

Ainda sobre a bagunça na Libertadores, Rodrigo Bueno, da mesma Folha de São Paulo, fez uma coluna bem interessante sobre as decisões esdruxúlas da Conmebol na história da competição:

"50 anos de histórias

Não há torneio no mundo tão rico em asteriscos e decisões discutíveis quanto a nobre e cinquentenária Libertadores

A LIBERTADORES só ganhou mais um asterisco em sua longa história com a conturbada saída dos clubes mexicanos.

1960. Peñarol, clube mentor da Libertadores, ficou em igualdade num confronto com o San Lorenzo. Foi necessário um jogo de desempate. Onde ocorreu? Em Montevidéu.
1961. Independiente Santa Fé e Jorge Wilstermann deveriam fazer jogo de desempate em Bogotá (!!), que não ocorreu. Houve sorteio, que favoreceu... o time da santa fé.
1962. Santos e Peñarol jogam 51 minutos na Vila Belmiro, e os uruguaios vencem por 3 a 2. O jogo para por causa de incidentes. E continua depois, amistosamente. O Santos empata com Pepe, mas vale o 3 a 2.
1963. Botafogo x Millonarios não é disputado. O time colombiano paga multa de US$ 4.500 para não jogar.
1964. Por causa de tragédia num jogo entre Peru e Argentina pelo Pré-Olímpico, o estádio Nacional de Lima é fechado. Por isso, o Alianza manda seu jogo contra o Independiente em Avellaneda (!), embora no campo do Racing. Millonarios x Independiente não ocorre em Bogotá por ""diferenças" entre a Sul-Americana e a cúpula do futebol colombiano. O Independiente, que seria campeão naquele ano, ganha os pontos.
1965. Deportivo Galicia segura 0 a 0 com o Peñarol, mas pela primeira vez a Conmebol, no tapetão, dá pontos a um time (ao gigante uruguaio) por causa do uso irregular de um jogador (Roberto Leopardi) pelo rival.
1966. Entram os vice-campões nacionais na disputa. Motivo? Bom, para que os dois grandes uruguaios atuem no torneio. Brasileiros aband
onam a Libertadores, que teria sido ""desnaturalizada" com os vices.
1968. O Náutico bate por 3 a 2 no Recife o Deportivo Portugués, da Venezuela. Mas perde os pontos por fazer substituições irregulares (três, não duas, e todas de atletas de linha).
Poderia citar mais dezenas de casos com decisões confusas da Confederação Sul-Americana de Futebol, a hoje popular Conmebol. Ainda mais a partir de 1968, quando começou o império de Estudiantes e Independiente, times que ganharam edições seguidas com a ajuda de práticas não muito esportivas, digamos. Falou-se nos últimos dias até em jogos nos EUA para os duelos entre Chivas x São Paulo e San Luis x Nacional. Mas isso não seria novidade.
Em 1991, com o futebol colombiano suspenso, times do país fizeram jogos em diferentes cidades, como San Cristóbal e Miami, cidade que abrigou já seis duelos de Libertadores. Se os venezuelanos foram excluídos em 1986 porque estavam suspensos por ""problemas internos" na federação, em 1989 o Sport Marítimo recebeu o Inter em Caracas com ""portões fechados" devido ao temor da violência de torcedores irados com medidas econômicas no país. Por essas (de hoje) e outras (de ontem), a Libertadores é tão especial."

Como bem disse o colunista, mas uma dezena de casos poderiam ser citados. Como o problema do local do primeiro jogo da final de 2005 . Ou repentina mudança da parada para a Copa do Mundo em 2006. Ou a anulação de um jogo entre Vasco e Atlético Nacional em 1990. A suspensão de Danrlei em 2002. E por aí vai.


Como se vê, a bagunça não é um privilégio desta edição.

Um comentário:

Márcio C. M. disse...

Se tivermos que ser prejudicados, seremos e a direção nada fará.